terça-feira, 25 de janeiro de 2022

C*D*E* - CHARADA DE CASINO OU VIOLÊNCIA DE “CONTRABANDISTAS” ???

                                                                      


        Não tinha intenção de entrar nesse vespeiro jogado à frente das nossas portas e enxameado  para dentro das nossas casas. Mas, porque continua a bater também à minha porta, pelo menos até domingo, lá vai a minha indignação.

         O meu asco tem o tamanho da minha indiferença, originando uma visceral repulsa e, ao mesmo tempo, um enfadado sem-vontade de o escrever. São três os figurantes e começarei de frente para trás:

         Primeiro vem o pelotão “E” e, em terceiro, o batalhão “D”. No meio, fica o incumbente ou inquilino “C”, cujo contrato de arrendamento é válido por quatro anos.

“E”  e “D”  são inimigos figadais desde a raiz dos cabelos até às unhas dos pés. Mas une-os um diabólico desejo, indomável apetite: matar o inquilino “C”, fosse qual fosse o plano, nem que tivessem de dormir os dois, ao menos uma noite, na mesma cama. Ao inquilino “C” sobrevieram depois imprevistas dificuldades, anemias, endemias, a família infectada, a vizinhança também.

Os ferozes inimigos trocam olhares furtivos – é agora ou espera-se que o ‘gajo’ caia, deixa-se para outra noite.  Entretanto há quem prometa um avultado cheque ao convalescente, parece que a família e a vizinhança recuperam e renasce a esperança de um quadriénio em paz e segurança na aldeia. E é aí, numa inspiração cirurgicamente consumada que os figadais  amigos-inimigos decidem: Agora ou nunca! Nem mais um instante! Antes que o ‘gajo’ se levante, vamos liquidá-lo, entre nós dois a lei está feita: ‘um diz mata, o outro diz esfola’.

E com um sangue-frio de estremecer muralhas, na praça pública, os dois ‘amigos-inimigos’ arremessaram-se à uma e, com rio e sem pio, afogaram o indefeso “C”. O pior é que pôs toda a vizinhança em alvoroço, com vespeiros a bater nas janelas e nos ecrãs dos televisores, doenças e endemias a crescer, gente baldeada de um lado para outro. E o pandemónio ainda não acabou, vai até domingo à noite.

     Porque não há pachorra para dourar a pílula, já se desvenda a charada: podem colocar “E” na Esquerda, o “D” à Direita e o “C”, por ser inquilino, é tudo menos Centro. Foi o inquilino derrubado.

Sem mais preâmbulos: o furor dos ‘contrabandistas do poder’, jogadores calculistas profissionais da roleta russa, aguardaram o depauperamento da nação, a pandemia que agravou um milhão sem médico de família, calcularam mais um milhão de confinados no almejado dia 30, lobrigaram como famélicos agiotas a bazuca europeia … e zás! Não se o deixa levantar cabeça! A sofreguidão tresloucada pelo poder nem deixou o Orçamento seguir o normal curso regimental até à especialidade e votação final global! Mataram o mandato de quatro anos na própria ‘barriga da mãe’… Tanta foi a pressa, tanto foi o furor|.

Se a alguém feriu o meu desabafo, lamento. Mas tenho também direito à minha indignação. Por mim e pelo desconcerto importuno e inoportuno, agarotadamente extemporâneo, que causou a milhões de cidadãos, jovens e idosos, mais a mais, sobrecarregados com dificuldades de vária ordem.

 

25.Jan.22

Martins Júnior  

 

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