quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

A BOMBA ATÓMICA NAS MÃOS DOS ‘PEQUENOS’

                                                                


Espero não vir a arrepender-me do desabafo que deixo neste breve resumo. É resumo e é breve, quase em estilo telegráfico.

Certamente não terei de penitenciar-me se disser que paira no ar português – e  mexe connosco - a sensação de um país à beira de um ataque de nervos. É no comprido  turbilhão das ruas estreitas, é no televisor do nosso quarto pacato, é nas largas portadas empinadas nas paredes, é nos directórios dos partidos com gente a roer as unhas, enfim, a babel dos comentadores ‘feitos ao bife’ e as apostas raspadinhas a disfarçar neuroses.

Tudo isso, porquê?

Pela “Bomba Atómica”, de competência exclusiva, reservada ao mais alto magistrado da Nação. A interrupção involuntária  de uma governação com direito ao normal quadriénio de vida  teve, desta vez, outros extirpadores (o desqualificativo é metafórico mas cumpre), outros especialistas contra-natura, visceralmente, politicamente, socialmente  nos antípodas um do outro, militantes em guerra mútua, mas comparsas unidos na mesma cruzada de ‘bombistas atómicos’: De um lado, o grupo fabricante do fatal explosivo, sem dúvida o maior e o mais poderoso; Do outro, o reduto, um pequeno grupo, aparentemente inofensivo, tinha nas mãos o detonador.

Tolo, ingénuo – para não dizer o principal arguido – o reduto não resistiu à tentação de juntar-se ao gigante (a velha ambição da rã tornar-se  boi) e, vai daí, acciona o detonador e…faz a ‘festa’, assim a modos de um divertido bowling entre colegiais, sem pensar que isso iria mexer com milhões de pessoas,  doentes e confinados, com a economia, com o país face à Europa. Gente pequena, seja qual o escantilhão com que se a meça…

O lucro maior correu logo para o ‘fabricante’ da bomba, ciosamente e desde há muito guardada. Para o fabricante e respectivos aliados. O grupo dos ‘pequenos’ franqueou-lhes a porta de entrada. Ingénuos! Então não sabiam que o assaltante está sempre à espreita da primeira oportunidade?! E assim aconteceu. Agora, aguentem-se, trepem todos os dias o muro das sondagens e adivinhem o fim. Não aprenderam nada com 2011… Oxalá não lhes suceda a tragédia do jovem bombista, cá do arquipélago, que acabou por ser a única vítima da bomba assassina que transportou nas mãos…

 Não é sem um mar de mágoas que escrevo. Sobretudo porque isto ainda não acabou. ‘Pela aragem se conhece quem vai na carruagem”, diz o velho adágio. E pelos ares que respiramos neste final de maratonas, parece que a sina deixou rasto: “a bomba atómica” pode vir a ficar nas mãos de um outro reduto, ainda mais pequeno. Bem avisou Tomás de Aquino: “Aquilo que, no início, parece um pequeno desvio provoca um tremendo desastre no seu términus”.

Por tudo isto, conto dizer PRESENTE no próximo Domingo!

 

27.Jan.22

Martins Júnior

 

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