Espero
não vir a arrepender-me do desabafo que deixo neste breve resumo. É resumo e é
breve, quase em estilo telegráfico.
Certamente
não terei de penitenciar-me se disser que paira no ar português – e mexe connosco - a sensação de um país à beira
de um ataque de nervos. É no comprido turbilhão das ruas estreitas, é no televisor
do nosso quarto pacato, é nas largas portadas empinadas nas paredes, é nos
directórios dos partidos com gente a roer as unhas, enfim, a babel dos comentadores ‘feitos ao bife’ e as apostas raspadinhas a disfarçar
neuroses.
Tudo
isso, porquê?
Pela
“Bomba Atómica”, de competência exclusiva, reservada ao mais alto magistrado da
Nação. A interrupção involuntária de uma governação com direito ao
normal quadriénio de vida teve, desta
vez, outros extirpadores (o desqualificativo é metafórico mas cumpre), outros
especialistas contra-natura, visceralmente, politicamente, socialmente nos antípodas um do outro, militantes em
guerra mútua, mas comparsas unidos na mesma cruzada de ‘bombistas atómicos’: De
um lado, o grupo fabricante do fatal explosivo, sem dúvida o maior e o mais
poderoso; Do outro, o reduto, um pequeno grupo, aparentemente inofensivo, tinha
nas mãos o detonador.
Tolo,
ingénuo – para não dizer o principal arguido – o reduto não resistiu à tentação
de juntar-se ao gigante (a velha ambição da rã tornar-se boi) e, vai daí,
acciona o detonador e…faz a ‘festa’, assim a modos de um divertido bowling entre colegiais, sem pensar que
isso iria mexer com milhões de pessoas, doentes e confinados, com a
economia, com o país face à Europa. Gente pequena, seja qual o escantilhão com
que se a meça…
O
lucro maior correu logo para o ‘fabricante’ da bomba, ciosamente e desde há
muito guardada. Para o fabricante e respectivos aliados. O grupo dos ‘pequenos’
franqueou-lhes a porta de entrada. Ingénuos! Então não sabiam que o assaltante
está sempre à espreita da primeira oportunidade?! E assim aconteceu. Agora,
aguentem-se, trepem todos os dias o muro das sondagens e adivinhem o fim. Não
aprenderam nada com 2011… Oxalá não lhes suceda a tragédia do jovem bombista,
cá do arquipélago, que acabou por ser a única vítima da bomba assassina que
transportou nas mãos…
Não é sem um mar de mágoas que escrevo.
Sobretudo porque isto ainda não acabou. ‘Pela aragem se conhece quem vai na
carruagem”, diz o velho adágio. E pelos ares que respiramos neste final de
maratonas, parece que a sina deixou rasto: “a bomba atómica” pode vir a ficar nas mãos
de um outro reduto, ainda mais pequeno. Bem avisou Tomás de Aquino: “Aquilo
que, no início, parece um pequeno desvio provoca um tremendo desastre no seu
términus”.
Por
tudo isto, conto dizer PRESENTE no próximo Domingo!
27.Jan.22
Martins Júnior
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