Apagaram-se
todas as luzes da noite e, com ela, todos os dias do ano.
Ao
surgir a primeira nesga de Vénus no cimo da matutina montanha, viu~se que um
rio ensaiava, sereno e cristalino, a canção de uma Dia Novo. O rio chamava-se
Jordão, como poderia vestir-se de Nilo. Tigre e Eufrates, Danúbio, Tamisa ou
Tejo.
Neste
início de semana, por convite do LIVRO (opção que nunca abandono) fixo-me no
Jordão, onde Alguém, varão hebreu, protótipo do Homem Novo, mergulha nas águas
correntes – também elas sempre vivas, renovadas – e, dizem os pergaminhos
coevos, aceitou o Baptismo.
Baptismo,
cronológica e estrategicamente bem colocado logo após o Nascimento, e ao qual
sobreponho a adequada antonomásia de Renascimento!
No
entanto, abstenho-me da água instrumental e mesmo do utente individual daquele
mergulho regenerador no rio marginado de oliveiras. Citando o LIVRO, o único Baptismo
não foi o de João, o Baptista, nem da água, nem da brisa olorosa das oliveiras
de Jerusalém. Foi o Espírito envolvente - o Espírito do Baptismo -
caracterizador da essência daquele corpo
renascido.
Ao
abrir de um ano que se quer Novo, regresso a todas as passagens de nível da
História Humana marcadas pelo signo da Renovação, seja ela pacífica como o
reflorir da Primavera, seja ela traumática como o fragor de uma Revolução. A todos
esses fenómenos em que da vulva virgem da terra sai um novo ciclo restaurador
hasteio a bandeira global que traz inscrita a sua definição identitária: Espírito Renascentista.
É
este Espírito Renascentista que
auguro para mais um ano, em contraponto com o espírito medieval que inelutavelmente
todas as épocas e todas as gerações, por
mais altas que sejam as suas conquistas. Oxalá possamos ultrapassar os
resquícios e entornos da Idade Média dos nossos tempos e insuflar na sociedade
a essência do Espírito Renascentista que
nos é proposto no dealbar de cada ano. É a este gérmen revitalizador que eu
chamo o genuíno Baptismo da nova era. É também este o “Virar de Página” que está na ordem do dia.
Serve
esta breve observação de abertura para a proposta de Renascimento que apresentarei no próximo ‘blog’, uma proposta de um
autêntico e incansável Precursor de um Tempo Novo, do qual bem poderei dizer,
não sem profunda mágoa, o que outrora foi dito: “No meio de vós, há alguém que
vós não conheceis”.
09.Jan.22
Martins Júnior
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