quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022

UM EIXO DO BEM…MAL!

                                                                      


Laconicamente (para não cair no logro que hoje sinalizo) permitam-me concluir o arrazoado do último blog, concretamente a dualidade de critérios e opiniões ou a capacidade mimética do ser humano - leia-se: a “tribo jornalística” (Nelson Traquina) e a galeria de comentadores - no “Antes” e “Depois” do acto eleitoral de Domingo, 30 de Janeiro de 2022.

         O logro, talvez o fosso, onde não quero cair chama-se dogmatismo, radicalismo, infalibilidade doutoral. Detesto tudo quanto tresanda a prepotência dogmática, onde quer que ela surja, sobretudo no teatro fácil do ‘agorá’ dos debates abertos, qual destemperada Torre de Babel da opinião pública.

         Acabei de ver e rever a edição do Eixo da Quinta-Feira. Comparei-a com a da semana anterior. E, respeitando quem julgue o contrário, reconfirmei tudo quanto escrevi no último  Dia Ímpar. Limitar-me-ei aos contornos de uma simples descrição:

         A abertura do pano de cena é de uma eloquência intraduzível. Os rubros vaticínios, estampados no rosto e nos olhos exuberantes dos intervenientes sobre a “impossível maioria absoluta”  metamorfosearam-se de repente num sorriso-riso (o riso é, de facto, amarelo, viu-se clarissimamente) o qual ficou mais notório nos olhos que se iam fechando em bico.

         Falou-se da “maioria absoluta”, gesticulando com os habituais trejeitos de Mefistófeles à-portuguesa, que ela foi o ‘resultado de uma série de tragédias’; aludiu-se ao ‘abraço do urso’; culpou-se o sarilho das sondagens e que tudo fora “uma anomalia”, quase-inconstitucional  - ‘a Constituição está feita para que não aconteçam maiorias absolutas’ ou só raríssimamente. Mais fulgurante foi a representação da Deusa do Templo de Delfos – “o que me surpreendeu não foi a maioria absoluta de Costa, mas a derrota do PSD” – a mesma que antes tinha escrito: ‘no fatídico 31 de Janeiro, Costa pode ter perdido tudo, depois de perder a cabeça”.

         Sem esquecer a breve alusão à “vitória retumbante” e à eventual “comédia romântica” de Domingo, espraiaram-se os intervenientes pela praia do futuro, por exemplo,  que “a maioria iria apodrecer daqui a dois anos”. O resto do espectáculo foi dedicado à esquerda perdedora e à força  das direitas no futuro parlamento.

             Laconicamente: respeitando opinião contrária, como é difícil no reino do fundamentalismo dogmático aceitar a transparente e inexorável verdade dos factos!

         Para não cair no aludido logro fundamentalista, tenho sempre presente a filosofia popular que deixo aqui expressa textualmente, mesmo com o desvio da concordância verbal: "As falas da nossa boca é a nossa condenação”.

 

         03.Fev.2022

         Martins Júnior    

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