Laconicamente
(para não cair no logro que hoje sinalizo) permitam-me concluir o arrazoado do
último blog, concretamente a
dualidade de critérios e opiniões ou a capacidade mimética do ser humano - leia-se:
a “tribo jornalística” (Nelson Traquina) e a galeria de comentadores - no “Antes”
e “Depois” do acto eleitoral de Domingo, 30 de Janeiro de 2022.
O logro, talvez o fosso, onde não quero
cair chama-se dogmatismo, radicalismo, infalibilidade doutoral. Detesto tudo
quanto tresanda a prepotência dogmática, onde quer que ela surja, sobretudo no
teatro fácil do ‘agorá’ dos debates abertos, qual destemperada Torre de Babel
da opinião pública.
Acabei de ver e rever a edição do Eixo
da Quinta-Feira. Comparei-a com a da semana anterior. E, respeitando quem julgue
o contrário, reconfirmei tudo quanto escrevi no último Dia
Ímpar. Limitar-me-ei aos contornos de uma simples descrição:
A abertura do pano de cena é de uma
eloquência intraduzível. Os rubros vaticínios, estampados no rosto e nos olhos
exuberantes dos intervenientes sobre a “impossível maioria absoluta” metamorfosearam-se de repente num sorriso-riso
(o riso é, de facto, amarelo, viu-se clarissimamente) o qual ficou mais notório
nos olhos que se iam fechando em bico.
Falou-se da “maioria absoluta”, gesticulando
com os habituais trejeitos de Mefistófeles à-portuguesa, que ela foi o ‘resultado
de uma série de tragédias’; aludiu-se ao ‘abraço do urso’; culpou-se o sarilho
das sondagens e que tudo fora “uma anomalia”, quase-inconstitucional - ‘a Constituição está feita para que não
aconteçam maiorias absolutas’ ou só raríssimamente. Mais fulgurante foi a
representação da Deusa do Templo de Delfos – “o que me surpreendeu não foi a
maioria absoluta de Costa, mas a derrota do PSD” – a mesma que antes tinha
escrito: ‘no fatídico 31 de Janeiro, Costa pode ter perdido tudo, depois de
perder a cabeça”.
Sem esquecer a breve alusão à “vitória
retumbante” e à eventual “comédia romântica” de Domingo, espraiaram-se os
intervenientes pela praia do futuro, por exemplo, que “a maioria iria apodrecer daqui a dois
anos”. O resto do espectáculo foi dedicado à esquerda perdedora e à força das direitas no futuro parlamento.
Laconicamente: respeitando opinião contrária,
como é difícil no reino do fundamentalismo dogmático aceitar a transparente e inexorável
verdade dos factos!
Para não cair no aludido logro
fundamentalista, tenho sempre presente a filosofia popular que deixo aqui
expressa textualmente, mesmo com o desvio da concordância verbal: "As falas da nossa boca é a nossa condenação”.
03.Fev.2022
Martins
Júnior
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