Foi em terras de Aleixo, aquele que da
rude terra e das palavras por polir fez de Loulé a oficina do pensamento crítico
e lançou para o mundo ouro fino e pedras de jaspe duro atiradas à consciência
universal, seja qual o tempo, seja qual o lugar.
Contado
ao pormenor, resume-se a cerca de uma vintena de Aprendizes do Saber, Professores,
investigadores, filósofos, psicólogos, historiadores, sociólogos, homens,
mulheres, vindos de diferentes azimutes, de Coimbra, do Porto, de Lisboa, de
Paris, do Brasil. E um único polo agregador: o universo laboral, mas
explicitamente, a problemática do Trabalho. Em fim de férias e reinício da
actividade – reabertura do ano escolar e do novo ano judicial, retoma dos
programas áudio-visuais, debate do Orçamento
- do Estado, das Regiões, das Autarquias – nada de mais oportuno e estratégico do
que fazer incidir o olhar clínico sobre o eixo propulsor de toda a
transfiguração do Humus original, da Natureza primeva, em síntese, de tudo
quanto existe: o Trabalho.
Desde
a antiguidade, as forças produtivas e a relação da promoção, no regime ateniense,
até à conceptualização do Trabalho no pensamento dos teorizadores da revolução
industrial, a antinomia Capital-Trabalho, a ambição do lucro e a “empresa-máquina
de moer trabalhadores”, o trabalho nocturno e suas sequelas, génese e
desenvolvimento do sindicalismo, enfim, o percurso de um lustro de
investigação, codificado este ano entre 3 e 6 de setembro, sob a égide da
infatigável realizadora Raquel Varela e do sociólogo Roberto dela Santa, com o
apoio da Câmara Municipal de Loulé. Da minha parte, coube-me o papel da Igreja
Católica, particularmente em Portugal, sobre tão momentoso tema e respectivas
implicações sociais.
Aguardamos
a publicação, em livro, das incursões e perspectivas de acção traçadas ao longo
destes cinco anos de análise e aprofundamento.
Deveras
revelador, para mim, o testemunho do Presidente do Município de Loulé, a
encerrar a conferência do Prof. Dr. Duarte Rolo sobre a temática do encontro,
partindo da obra de Adorno, o que motivou a interessada participação de
munícipes, inclusive dos jovens, que encheram literalmente o salão nobre da
Câmara.
Relevo
a intervenção do Presidente Victor Manuel Gonçalves Aleixo – não fosse ele
próprio neto do famoso e lúcido poeta António Aleixo – pelo vasto conhecimento das
matérias focadas (situação rara em políticos da esfera executiva) e pela
coragem frontal, esclarecida, dos módulos estratégicos a implementar para a
vitória contra a supremacia hegemónica do mais forte, da ditadura capitalista.
Confesso que me senti regressar à juventude e ao afã de outrora na luta pela
recuperação do poder popular, no sentido mais positivo e construtivo deste
termo.
Parabéns
aos promotores, participantes e apoiantes desta nobre e promissora iniciativa.
07.Set.24
Martins Júnior
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