Cada
vida tem o seu pico de glória. E cada morte também.
Mas
entre uma e outra estala, como lousa tumular, 
a inexorável incógnita: “Desse brilho meteórico, o que é que ficou”?
Sic transit gloria mundi
 –  era o ritual da sagração dos Papas: “Assim
passa a gloria do mundo”, enquanto o cardeal ajudante incendiava uma trança de
estopa branca sobre uma salva de ouro.
Rolou
a pedra derradeira sobre o monumento encimado por três jactos luminosos
traduzidos simplesmente em três palavras: “FAMÍLIA BARROSO SOARES”. 
O
Apartamento da “Rua João Soares”, ao Campo Grande, transladou-se para o jardim
das memórias que tem por estranho título: “CEMITÉRIO DOS PRAZERES”.
Fechar-se-ão
as páginas do  Livro dos Pesares, secar-se-ão
os rios de tinta nas rotativas dos jornais, apagar-se-ão os holofotes dos
emissores televisivos.
E
de tudo, tudo,   que restará, enfim?...  O silêncio?... A pedra marmórea e fria?... As  rosas amarelas, as rosas e os cravos vermelhos
 emurchecidos e mudos, como órfãos
abandonados,  curtidos de saudade?...
Heróis,
sábios, génios e artistas – cada pátria tem os seus. Acompanhando Mário Soares,
seguiram o mesmo trilho Daniel Serrão, Zygmunt Baum, Akbar Hachémi  Rahsandjani,. E logo antes,  Leonard Cohen.
De
que valeu a pena tê-los, se deles restou apenas  a memória, que um dia será longínqua e que “se
esfuma como a brancura da espuma que morre na areia”? …
Mas
valeu a pena!
Porque
deles ficará para sempre o grito -  canto e  mandato: 
“Sede
vós  e fazei  dos vossos filhos – novos “Serrão”, novos “Zygmunt”,
novos “Rafsandjani”, novos “Cohen”, novos “Soares”. 
"Agora é a vossa Hora". 
A tua Hora!
Para
tanto, basta que “ponhas tudo quanto és no mínimo que fizeres”! 
11.Dez.17
Martins Júnior  

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