terça-feira, 30 de abril de 2019

JOVENS AO PODER! ARRIBA ESPAÑA!



O espectáculo começou na ribalta. Agora está na rua. Mas é na retina do espectador que o cenário se consuma e define. Qual o olhar, tal a consistência e tal o efeito real da acção em palco. Assim sucede nos mais diversos movimentos da actividade humana, mas particularmente no “Grande Teatro do Mundo”  em que é protagonista a ciência-arte da Política.
As eleições legislativas de Espanha aí estão expostas aos analistas, fervem no caldeirão da opinião pública e são servidas conforme as pupilas e as papilas dos observadores, recolhendo cada qual o que mais sabe ao seu próprio apetite. Da minha parte, dois aspectos, ambos conectados, prenderam a minha atenção.
O primeiro: a afirmação da juventude no plano da acção governativa de um país. Diante dos nossos olhos desfilaram os futuros “donos” da respública, os condutores de um povo imenso (neste caso, Espanha) em cujas mãos está o destino de milhões de humanos, dentro e fora do território nacional. Vimos Sanchez, Rivera, Abascal e Casado, este o menos jovem e o maior perdedor. A “Revolta dos Jovens” toma proporções avassaladoras no panorama político das nações, na Europa também, cujo caso paradigmático é o de Macron, em França. Fora do espaço europeu, a tendência reforça-se, como é notório no caso Venezuela, com Juan Guaidó. Louvável, prima facie, este surto ascensional das gerações emergentes, pela energia e pelo espírito generoso com que abraçam tamanhas responsabilidades. E se os eleitores optam por esta viragem etária, não apenas pelo “fastio do mesmo” ou pelo impulso imediatista da mudança, mas tão-só em atenção ao potencial promissor dos mais novos, então serão de aplaudir tais opções.
No entanto, uma outra onda varre o mundo contemporâneo: o assustador crescendo das ideologias fascistas ou fascizantes, dos movimentos xenófobos, servidos pelo populismo primário, de tendência autoritária, quando não terrorista. E é este o segundo aspecto que, para além da relativa instabilidade da próxima estrutura governativa espanhola, se me desenhou no olhar e no consciente perante os resultados eleitorais de nuestros hermanos. Ao optimismo de um novo cenário político, europeu ou mundial, liderado por jovens, ajunta-se o espinho de uma dúvida que teima em ficar. Basta para tanto constatar a arremetida “furiosa” do Vox, de raiz assumidamente franquista, que no Parlamento espanhol pretende sem escrúpulos reinstaurar o fascismo e a tortura do “Generalíssimo”, que tantos milhares de vítimas causou no país vizinho. A este propósito, não é possível esquecer o ditador português Oliveira Salazar que, tendo sido eleito deputado pelo Centro Católico em 1921, ministro das Finanças em 1926 (37 anos), idolatrado como o “Jovem Salvador da Pátria”, acabou por impor durante 48 anos o regime ditatorial mais repressivo do século XX em Portugal.
Saudamos todos os ideais que a juventude projecta para o mundo, desde que os seus titulares, uma vez eleitos, não comecem a envelhecer. É que há corporações e movimentos, onde se entra jovem e acaba-se caduco e corrupto em pouco tempo.
Bons ventos e bons andamentos para Espanha e para o Mundo!

29.Abr.19
Martins Júnior     





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