Antes que o frenesi alucinante dos
últimos acontecimentos tome conta dos meus dias, apresso-me a fixar no ecran
inapagável  da memória futura o
portentoso e paradoxal fenómeno sócio-político dos Estados Unidos da América
nas Eleições Intercalares. Porque o caso ultrapassa as raias das vulgares
diatribes partidárias, antes sobreeleva-se a um sério  study
case da psicossociologia aplicada, entendi colocá-lo em lugar cimeiro dos
“Dias Ímpares”.
            Contrariando
as normais projecções estatísticas, revelou-se o insólito recordista nestas
maratonas e que cifrou-se em altos caracteres de todos os tabloides: Foram os votos dos jovens e das mulheres
que proporcionaram a Joe Biden o inesperado sucesso eleitoral.
            Quem
diria que, entre o possante ganadero republicano do Texas e o frágil veterano 
democrata, os jovens e as mulheres optariam pela velhice dotada de
sabedoria de um e rejeitariam a pesporrência dominadora  do outro candidato?!...
            Não
cabe aqui sinalizar os argumentos, o batente das campanhas e o ritmo das
intervenções. São questões suficientemente já dissecadas e publicitadas pelos
analistas de topo. O que interessa agora registar, antes que o mundo esqueça, é
a acutilância do olhar e a serenidade analítica de um eleitorado tido como
predominantemente emotivo, presa fácil de manipuladores populistas.  Desta vez, a estes  ‘saiu-lhes o tiro pela culatra’.
            Por
onde se prova que a tão caluniada “geração rasca” americana (neste caso, mundial)
está atenta à conjuntura sócio-política do seu tempo e deseja intervir na
construção do mundo em que amanhã pretendem viver. Veja-se, em todos os países,
em Portugal também , a resistência esclarecida dos jovens estudantes contra as
alterações climáticas. O caso tem tomado contornos preocupantes mas,
descontadas certas irreverências estratégicas, servirão para sensibilizar
forçosamente as entidades responsáveis – legisladores, executivos e até
decisores judiciais – a entender que o planeta já não é senhorio exclusivamente
seu, mas é pertença hereditária dos jovens de hoje, habitantes do amanhã.
            E
às mulheres americanas , pela conquista da sua autonomia e da sua dignidade, um
caloroso Voto de Louvor, particularmente neste 15 de Novembro, Dia Mundial
contra a Violência sobre as Mulheres. 
            Ao
olhar para Joe Biden, septuagenário confesso, mas politicamente rejuvenescido
na sua liderança, só me ocorre a consabida sentença do madeirense teósofo e
poeta Octávio de Marialva:
            “Serás jovem quanto a tua ideia”!
            15.Nov.22
            Martins Júnior     

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