Vinha de má catadura
Um folião de sacolas
Dentro delas à mistura
Criançada das escolas
Quando a tez se fez
escura
Passou-se das estarolas:
‘Rei Otário, juízo e tento!
Há ou não há
confinamento?’
‘Tá calado, tu tamém,
Aqui quem manda é o Rei
Não são os filhos da mãe
Que a todos eu derrotei
De São Bento e de Belém
Põe-te a pau, já te
avisei:
Eu é que tenho o poder
Cala-te, vai-te doer’
O
professor agachou-se
À vista daquilo tudo
A criançada pirou-se
Sem dar por isso o sisudo
‘Ai que não é pera doce
Este entrudo truculhudo´
Disse o mestre desasado
E acertou o passo errado.
Olhou pra trás… e o que
viu?
É dragão/rinoceronte ?…
Um cofre no crânio vazio
Tatuado de bisonte
Braços de inhame frio
Sujos de cifrões a monte
Boca de peixe miúdo
Sebastião-Come-Tudo.
Caladinho como um rato
Ao colo das deusas mansas
Quando lhe tocou o olfato
Do Leão lá das Finanças
Sumiu-se todo o recato
Chegou-lhe o cio das
gansas
E guinchou com toda a
gana
Qual macaco por banana:
‘Dinheiro já já, Leão
P’ra an-Afa-dos benefícios´
E falou à multidão
Sobre a verba aos
municípios:
‘Não têm o nosso cartão
Contentem-se co’os
desperdícios
Aqui quem manda é a gente
Vão vocês p’rao continhente’.
E logo num truca-truca
Dá ordens ao seu piloto:
‘Quero é agarrar a bazuca
Prego ao fundo,
terramoto,
E aos que levantem a nuca
Mando todos p’rao esgoto
E tu, tira-me daqui,
Não é este o meu ralí’.
Outra vez parou o rancho
Do carnaval dos vigias
À frente a trupe do
Sancho
Ia perdida em orgias
Veio então meter-lhe o
gancho
O Rei mono e de manias:
‘Calma, tão a ser filmados,
Não
se armem aos cagados’.
‘Continua o borda-borda
Até ao domingo gordo
Toda a semana é gorda
Co’o bispo já fiz acordo
No final, há uma açorda
Esturjão cagarra e tordo
Será tudo bem regado
Lá nas portas do Mercado.
19.Fev.21
O
Espectador à força, sem Senso nem Consenso
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