sexta-feira, 9 de julho de 2021

A PIA BAPTISMAL E O BARRIL DE PÓLVORA DA “NOSSA“ AUTONOMIA - 2

                                                                    


    Se queres conhecer a árvore, procura-lhe as raízes. Este é o primeiro desígnio e a primeira investigação séria sobre tudo aquilo que nos diz respeito, em qualquer campo das ciências exactas. O madeirense tem, nesta área, um linguajar típico, mas implacavelmente científico, consistente, quando diz: ”Se queres conhecer cão de caça, procura-lhe a raça”.

         É o que estamos a fazer neste mês de Julho, que coincidentemente começa com os campanudos discursos de salão aos pés de uma Autonomia feita só à medida, como fato fátuo,  dos seus aduladores. Adiciono hoje mais algumas notas sobre o parto e a anatomia dessa Autonomia.

         Passo, pois, ao ponto 4ª:

         Registada e baptizada por dois ‘gendarmes’ (passe o galicismo) do Estado Novo de Salazar, trataram logo de apresentar-se como legítimos procriadores da Democracia e da Autonomia. E o mencionado bispo lisboeta, já lembrado no escrito anterior, lá foi, de paróquia em paróquia, de sacristia em sacristia, convencer os padres de que o (também já lembrado) jovem protegido, em linha colateral, do antigo regime, seria ele e seria o seu partido o governo ideal para a Madeira.

E assim se fez o caminho de uma Autonomia, filha incestuosa de dois pais promíscuos que abusaram do nome de Deus e da Igreja para adestrarem ao cinturão a liberdade de Abril e manietarem em suas mãos a recém-nascida

5º - Era preciso mais: sugar a Igreja até ao tutano. O tutano chama-se “Jornal da Madeira”, o jornal da diocese, mais conhecido pelo “jornal dos padres”. As quatro mãos sem escrúpulo juntaram-se em ‘concílio’ insular e, na mais crapulosa clandestinidade, forjaram este pacto satânico: pegar no Órgão de Comunicação escrita da Igreja madeirense e entregá-lo ao poder político-partidário do tal falso tutor da Autonomia, primeiro como director e mais tarde como dono e dominador. Estava feita a guerra da mais crassa ambiguidade: com a cara-máscara de Igreja, o ‘pasquim’ passou a ardina e o ‘caixeiro-viajante’ do poder político e de  toda a sua propaganda.

          Pior que a traição de Judas! Nem trinta dinheiros brilharam em tão sujo tráfico. Tudo talhado à  imagem e semelhança do Estado Novo: a aliança entre Cerejeira e Salazar, a Igreja, feita égua, montada pelo governo cavaleiro. É neste poço de águas turvas que foi baptizada e enraizada a Autonomia sob a qual ainda vivemos.

         6º Mas faltava mais. Isso aprenderam os dois usurpadores da Autonomia. Por mais estranho que pareça, eles sabiam de cor a cartilha do totalitarismo. Leram em Lenine e Mao Tse-Tung: “O poder está na ponta de um fuzil”. Era preciso o braço armado em campo de guerra. E ele apareceu, tremendo, bombista, estrangulador de vidas jovens. Ao poço de águas turvas juntou-se  o barril de pólvora!

         Fica para o próximo ‘programa’ bloguista de terça-feira, 13.

 

         09.Jul.21

         Martins Júnior

 

 

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