Caminheiro
errante de uma estrela cadente
segui-lhe o
rasto antigo
até às
veredas dos três reis 
a caminho do
Oriente
eu, rei
quarto sem trono nem abrigo,
nem ouro,
mirra ou incenso
um bordão só
pesado como
a vara de Moisés 
pisado como
o choro de Job
Cheguei e
vi:
de Isaías o
Livro falsário
mais as suas
profecias
de um
Infante imaginário
Príncipe da  Paz 
entregue às
armas de Israel, Hezbolah e Hamas
Vi Marias
Mães de todos os filhos cisjordanos
Em fuga
apavorada  até ao novo Egipto
pedra sobre
pedra, grito sobre grito
no velho jumento
gemendo uma revolta vergada
moribunda
ao chicote
de mão imunda
Percorri os
colunatos e nem sombra do Menino
nas palhas
deitado 
Meninos aos
milhares eu vi 
estendidos  esmagados
sob os escombros
 berços a-céu-aberto 
Cães e gatos
apedrejdaos  
lambendo carne
e ossos de mártires inocentes
Israel  Shalom e Bendita te exaltaram
Os filhos de
Herodes e Caifás descendentes 
de Caim,
filho de Adão,
falcões
Licud sedentos de samgue irmão
Israel
maldita és
desde a hora
em que chamaste o velho Jeová
Senhor Deus
dos Exércitos
a comandar-te
contra os filhos de Alá
Prisioneiro
algemado na Terra Prometida
sem estrela
já e  sem vereda de saída
pegue-se-me
a língua ao céu da boca
se eu te cantar,
Belém, aqui tão perto
Surdos decepados
fiquem meus ouvidos
aos coros
febris das Saturnálias
desde o
sádico Moscovo à Roma das patrícias Bacanálias
de incenso e
ouro e mitras e régias grinaldas
Embebedem de
luz efémera mares e montes
de cada vale
façam fogo  em festival de inferno
chamem-lhe halloween
de sacros bisontes
românticas folias
de carnaval de inverno,
Mas nunca  Estrela de Belém
nem Aquele
Menino de sua Mãe
nem os nove
mil Meninos de suas Mães
em caixões
de betão armado caído ao chão
Sejam de
luto duro altares e umbrais
emudeçam
anjos de um ceu inexistente
 e suspendam todos os natais
enquanto lá
nas bandas do Oriente 
Belém, a
Bem-Amada,
não  regressar à Pátria Libertada
07-9-11.Jan.24
Martins
Júnior

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