domingo, 5 de setembro de 2021

A “REVOLUÇÃO FRANCESA” COMEÇOU HÁ MAIS DE 2.000 ANOS EM JERUSALÉM…

                                                                       


Diante de uma semana que se abre, melhor chave não há que abrir o LIVRO e dele extrair inspiração e ânimo para descobrir algo de novo na monotonia do calendário quotidiano. Foi o que fiz neste Domingo e, retomando o convite popular, ‘quem quiser venha comigo’, nesta digressão sumária que me despertou para um achamento singular, o qual se pode sintetizar no enunciado do título, isto é: Afinal, a génese da genuína ‘Revolução Francesa de 1789” já vem de muito longe e terá, pelo menos, 2.000 anos de existência.

Liberté, Égalité, Fraternité – a bandeira tricolor que os revolucionários franceses ergueram apoteoticamente na Bastille de Paris – foi hasteada, primeiro,  em Jerusalém pelo mensageiro Tiago Apóstolo. Ele era o líder de uma comunidade nascente, ele era o Episcopus, originalmente o vigilante circular que segue atentamente o movimento cíclico da mesma comunidade e lhe presta auxílio oportuno. O termo foi traduzido em vernáculo como ’bispo’, mas Tiago nada tem a ver com o figurino segregacionista que actualmente se atribui a esse estatuto. Por defender, qual bandeirante lidador, o tríplice ideal da “Revolução”, em nome do seu Mestre, foi ‘agraciado’ com o apedrejamento: assassinaram-no publicamente.

Mas, perguntar-me-ão, onde está essa Declaração de Princípios de Tiago, o Reformador? Respondendo, proponho-vos abrir o LIVRO e aí encontrareis a CARTA que ele escreveu aos hierosolimitanos, os naturais e residentes em Jerusalém. É toda ela um tratado de psico-sociologia, revelador de quem conhece os meandros da sociedade do seu tempo, usos, costumes, tradições, enfim, a sua idiossincrasia. Hoje, circunscrevemo-nos ao capítulo II.

“Entra no templo um homem  vestido com vestes preciosas, elegante, com anéis de ouro nos dedos. Entra também um outro, pobremente vestido. Certamente, direis ao primeiro: ‘Amigo, sobe mais acima, vem sentar-te num lugar de honra, aqui ao meu lado’. Ao outro, coitado, talvez direis: ‘Tu ficas aí de pé, mais abaixo, ou então senta-te no chão, aos meus pés’… Agindo assim, estais a desonrar o pobre e a fazer distinções com falsos critérios… Esquecestes que são os ricos que vos arrastam aos tribunais e vos condenam e até blasfemam o bom nome que sobre vós foi invocado?!”.

 Tiago, atento ao ambiente prepotente e hipócrita de Jerusalém, verberava as desigualdades sem critérios, as injustiças, as extorsões e, com isso, erguia, primeiro que nenhum outro revolucionário, a bandeira tricolor da “Liberdade. Igualdade, Fraternidade”. E por ela deu a vida, em nome do seu Líder e Irmão, o Nazareno, como era conhecido.

Mais: Tiago falou clamorosamente para os séculos vindouros, para nós, viventes do Século XXI. Para o mundo das gritantes assimetrias financeiras, para os regimes totalitários, capitalistas e exclusivistas. Para as religiões e igrejas que ridiculamente chamam às primeiras filas e procissões os emproados do poder, muitos deles sem um pingo de fé cristã. Religiões que inventam galões e anéis e mitras preciosas para uns e atiram para a valeta do esquecimento os que deram o melhor da sua vida em prol da verdadeira crença. Tiago, falou também para as micro-sociedades, as nossas do real quotidiano profissional e familiar,  que, em miniatura, fabricam pirâmides anãs, mas tão perniciosas como as gigantes, sobreelevando uns, os privilegiados, e chutando os outros para o entulho da construção falsamente hegemónica.

   Igualdade de oportunidades, Igualdade de respeito para com todas as classes sociais, as das bases e as do topo! Eis as pedras sólidas que seguram o monumento da Alegria, dentro do qual todos têm o direito de viver. Termino citando Maomé no Alcorão:_

“Levar alegria nem que seja só a um coração vale mais do que construir mil altares”! Mil templos. Mil decretos. Mil tronos. Mil inaugurações. Mil cortejos processionais.

 

05.Set.21

Martins Júnior

1 comentário:

  1. Mais um texto para o nosso tempo, para nos ajudar a refletir e a interiorizar o sumo da sua essência e objetividade, tendo sempre como pano de fundo as dinâmicas construtivas de um mundo melhor. Um empreendimento que exige sensibilidade, inteligência e muita persistência de muitos São Tiagos.

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