Diante
de uma semana que se abre, melhor chave não há que abrir o LIVRO e dele extrair
inspiração e ânimo para descobrir algo de novo na monotonia do calendário
quotidiano. Foi o que fiz neste Domingo e, retomando o convite popular, ‘quem
quiser venha comigo’, nesta digressão sumária que me despertou para um
achamento singular, o qual se pode sintetizar no enunciado do título, isto é:
Afinal, a génese da genuína ‘Revolução Francesa de 1789” já vem de muito longe
e terá, pelo menos, 2.000 anos de existência.
Liberté, Égalité,
Fraternité – a bandeira tricolor que os
revolucionários franceses ergueram apoteoticamente na Bastille de Paris – foi hasteada, primeiro, em Jerusalém pelo mensageiro Tiago Apóstolo.
Ele era o líder de uma comunidade nascente, ele era o Episcopus, originalmente o vigilante circular que segue atentamente
o movimento cíclico da mesma comunidade e lhe presta auxílio oportuno. O termo
foi traduzido em vernáculo como ’bispo’, mas Tiago nada tem a ver com o
figurino segregacionista que actualmente se atribui a esse estatuto. Por
defender, qual bandeirante lidador, o tríplice ideal da “Revolução”, em nome do
seu Mestre, foi ‘agraciado’ com o apedrejamento: assassinaram-no publicamente.
Mas,
perguntar-me-ão, onde está essa Declaração de Princípios de Tiago, o Reformador?
Respondendo, proponho-vos abrir o LIVRO e aí encontrareis a CARTA que ele
escreveu aos hierosolimitanos, os naturais e residentes em Jerusalém. É toda
ela um tratado de psico-sociologia, revelador de quem conhece os meandros da
sociedade do seu tempo, usos, costumes, tradições, enfim, a sua idiossincrasia.
Hoje, circunscrevemo-nos ao capítulo II.
“Entra no templo um homem
vestido com vestes preciosas, elegante,
com anéis de ouro nos dedos. Entra também um outro, pobremente vestido.
Certamente, direis ao primeiro: ‘Amigo, sobe mais acima, vem sentar-te num
lugar de honra, aqui ao meu lado’. Ao outro, coitado, talvez direis: ‘Tu ficas
aí de pé, mais abaixo, ou então senta-te no chão, aos meus pés’… Agindo assim,
estais a desonrar o pobre e a fazer distinções com falsos critérios…
Esquecestes que são os ricos que vos arrastam aos tribunais e vos condenam e
até blasfemam o bom nome que sobre vós foi invocado?!”.
Tiago, atento ao ambiente
prepotente e hipócrita de Jerusalém, verberava as desigualdades sem critérios,
as injustiças, as extorsões e, com isso, erguia, primeiro que nenhum outro
revolucionário, a bandeira tricolor da “Liberdade. Igualdade, Fraternidade”. E
por ela deu a vida, em nome do seu Líder e Irmão, o Nazareno, como era
conhecido.
Mais:
Tiago falou clamorosamente para os séculos vindouros, para nós, viventes do
Século XXI. Para o mundo das gritantes assimetrias financeiras, para os regimes
totalitários, capitalistas e exclusivistas. Para as religiões e igrejas que ridiculamente
chamam às primeiras filas e procissões os emproados do poder, muitos deles sem
um pingo de fé cristã. Religiões que inventam galões e anéis e mitras preciosas
para uns e atiram para a valeta do esquecimento os que deram o melhor da sua
vida em prol da verdadeira crença. Tiago, falou também para as micro-sociedades,
as nossas do real quotidiano profissional e familiar, que, em miniatura, fabricam pirâmides anãs,
mas tão perniciosas como as gigantes, sobreelevando uns, os privilegiados, e
chutando os outros para o entulho da construção falsamente hegemónica.
Igualdade de oportunidades, Igualdade de
respeito para com todas as classes sociais, as das bases e as do topo! Eis as
pedras sólidas que seguram o monumento da Alegria, dentro do qual todos têm o
direito de viver. Termino citando Maomé no Alcorão:_
“Levar
alegria nem que seja só a um coração vale mais do que construir mil altares”!
Mil templos. Mil decretos. Mil tronos. Mil inaugurações. Mil cortejos
processionais.
05.Set.21
Martins Júnior
Mais um texto para o nosso tempo, para nos ajudar a refletir e a interiorizar o sumo da sua essência e objetividade, tendo sempre como pano de fundo as dinâmicas construtivas de um mundo melhor. Um empreendimento que exige sensibilidade, inteligência e muita persistência de muitos São Tiagos.
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