É
esta uma viagem bizarra: os Magos do Oriente, ávidos de achar aquele Herói
Judaico, inscrito nos velhos papiros das antigas civilizações, puseram-se de
viagem às “Ilhas Encantadas”, belas e verdes  que  “do
muito arvoredo assim se chamam”. Seria o primeiro de todos os achamentos da
Ilha, muito antes que genoveses e bretões a descobrissem. 
         Passando Água de Pena, alcançaram Santo
da Serra, onde
                            As moças lindas, rosadas
                            Como
o canto das manhãs
                            Trouxeram
renas bordadas
                            E
cestinhos de maçãs
         Caminhando mais acima, ouviram a voz
guiadora dos Anjos em revoada:
                            Ó
Romeiros do Oriente
                            Mais
depressa não tardeis
                            Que
o Menino nesta rocha
                            Está
à espera dos Três Reis
                            Depressa
mas com cuidado
                            Entre
folhados e faias
                            Olhai
bem para a ribeira
                            Ribeira
Tem-te Não-Caias
                            Outra
nova encontrará
                            Todo
aquele que aqui venha
                            Nasceu
a Divina Águia
No
mais alto desta penha
         E foi aí que o mais ancião dos Três
Reis, o veterano Gaspar, exclamou  num
arrobo de puro encantamento:
                            Bendita és tu, Penha d’Águia
                            Bendita
a terra que piso
                            Terra
do Pão e do Vinho
                            Parece-me
o Paraíso
         Em
síntese: durante as chamadas “Missas do Parto”, também acompanhamos os Três
Reis e, com eles, pegamos no Menino nascido no alto rochedo do Porto da Cruz e
ali escutamos a sua mensagem: “A Terra é vossa. Aumentai-a, multiplica-a”.
Muito
antes que Eric Veríssimo titulasse o seu belo romance, já o  Nazareno tinha dito: “Olhai os lírios do
campo”! Muito antes que Nietzche proclamasse o seu avatar de amor telúrico, já
o Nazareno havia apregoado com palavras e feitos: “Irmãos, amai a Terra”! Tomara
eu possuir a eloquência de um Demóstenes para tecer, em 20 de Dezembro de 2019,
o mais alto panegírico ao Homem Lavrador, aquele que de ombros curvados à terra,
alimenta o mundo inteiro e torna erguida e firme a coluna vertebral de todos
nós. Olhando o Menino nascido na terra do pão e do vinho, altaneira  Penha d´Águia, celebraremos amanhã no meio
ecológico da Ribeira Seca a grande epopeia da ruralidade excelsa e produtiva –
uma das paixões do Menino nascido em Belém.
         19.Dez.19
         Martins
Júnior   

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