Tal
como os homens, também os factos não se medem aos palmos. Nem a sua real grandeza
terá a medida da sua magnitude sísmica. Valem tão-só pelo muito ou pelo pouco
que trazem dentro. Factos, pessoas, datas e coisas – em tudo – tudo está no
invisível. E quanto maior a força do invisível mais bela e poderosa será a
luminosidade da sua presença.
O
ano de 2019, o último desta década, marcou o primeiro de uma renascença das
mentalidades. Sobretudo, a nível ilhéu. Porque a mão de alguém desfez em pó o
espesso negrume que ocultava aos madeirenses de boa-fé a luz que irradiava num
pequeno vale dentro do grande vale de Machico. Alguém soprou o montão de cinzas
que cobria o braseiro caloroso e fértil de um povo suburbano, quase rural.
Dezembro,
terça-feira, dia 10!
O
derradeiro mês do ano velho “virou Janeiro de Ano Novo, aliás, confirmou a
viragem histórica já efectuada a meio de 2019. Amanhã, ao abrir da madrugada, o
pequeno rincão da Ribeira Seca abrirá as portas da sua sala de visitas para
receber o Arciprestado de Santa Cruz e Machico, isto é, todos os sacerdotes
párocos das freguesias entre Caniço e Machico. Aparentemente e administrativamente,
um acto rotativo e rotineiro que mensalmente passa por todas as circunscrições
paroquiais desta área geográfica.
Nada
de retumbante e espectacular aos olhos que apenas captam o visível e o aparente.
São os que “olham e não vêem”. Mas para quem tem o cuidado de demorar-se um
pouco (“o poeta em tudo se demora”) e mesmo não sendo poeta, há-de ler nas
entrelinhas do invisível a Saudação que dirijo aos caros colegas visitantes que
amanhã farão a sua recolecção mensal em terras da Ribeira Seca, coração dentro
do coração de Machico:
BEM-VINDOS,
irmãos de missão e acção, a este vosso templo-presépio que, certamente nunca
visitastes, por imposição injusta dos exclusores oficiais,
BEM-VINDOS
às portas sempre abertas desta Casa-Comum, morada simbólica da Mãe, Senhora do
Amparo, à qual os exclusores e-méritos não deixaram entrar a sua imagem. Entrai
sem temor. Entrai pela mão de todo o Amor,
BEM-VINDOS
a este “Chão Sagrado, Onde cantámos Vitória” , apesar da ocupação dos agentes
da autoridade, durante 18 dias e 18 noites. Entrai. Respirai o ar puro da
montanha e a força anímica da Liberdade,
BEM-VINDOS porque ajudais a quebrar as grades
da prisão onde os exclusores sacros nos quiseram manietar, sem o conseguir,
pois nos sentimos sempre livres e como tais agimos, enquanto humanos e enquanto
cristãos,
…………
Da
minha parte, saúdo o Povo da Madeira e Porto Santo, os que olham o invisível,
porque sei ser este o seu desejo – a pacificação das comunidades insulares, a
libertação das mentalidades e o conforto de caminharmos juntos, em concórdia e
júbilo, ao encontro da Felicidade Plena.
Aos
dois amigos madeirenses, Padre Tavares Figueira e Padre José Luis Rodrigues (a
que junto com toda a ternura o veterano professor, já falecido, Padre Alfredo
Vieira de Freitas) eles, pedras de alicerce da nossa comunidade pelo apoio e pela corajosa presença que nunca negaram ao
Povo da Ribeira Seca.
Ao
Senhor Bispo do Funchal – BEM-VINDO! – permita-me, em síntese, citar Paulo de
Tarso, ressalvadas as legítimas assimetrias: “Por um só homem entrou a
condenação no mundo. E por um só Homem entrou a salvação no mundo”!
Não
fora o Segundo homem e a condenação do mundo pairava sobre esta comunidade… Só
que a condenação dos homens significava para nós a Salvação de Deus!
09.Dez.19
Martins Júnior
Como eu, mesmo de longe, vivo esse clima de felicidade e alegria cristã, vividas sob a égide da Senhora do Amparo. Sinal messiânico de uma Igreja que se renovou e fez renovar. Um abraço a todos.
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