Tirem-lhe
os zeros. Dêem ao seis uma vulgar cambalhota. Façam-lhe a prova dos noves-fora.
E aí têm a soma: Zero, um rotundo Zero, por onde quer que se lhe pegue, de
dentro ou de fora, da esquerda ou da direita, do
direito ou do avesso.
O
bochechudo “600” foi a enorme sala do Forum Machico, onde outros tantos
anafados troncos se assentaram, uns para dormir, outros para acordar ao batuque
das palmas orquestradas em compasso lento. O Zero foi o chocalho de palavras
batidas na parede. Parafraseando a velha canção, para fazer de Machico o que
fizeram, melhor fora que ficassem no Funchal.
Aqueles
que durante mais de quatro décadas massacraram e defraudaram Machico e o seu Povo
apresentaram-se hoje de libré e luvas sujas, sem um pingo de pudor diante dos
ofendidos e humilhados, sem que um único pedido de desculpa esboçassem pelas
maldades, calúnias e prejuízos perpetrados
contra Machico. Os que manietaram as finanças autárquicas, os que atiraram contra
Machico o vergonhoso labéu de “terceiro mundo” (e até de “quarto mundo!) eles, os
mesmos estiveram hoje emproados na ‘casa dos seiscentos’, (2X300) tecendo
louvores ao bombismo ‘flamista’ que teria destruído pessoas e bens se não fosse
a atenta vigilância popular em 1975. Tamanha insolência não deveria ser
permitida por quem de direito.
Na
gloriosa comemoração do Achamento, Machico nunca deveria ser palco para descaradas
campanhas eleitorais, lavagem partidária de roupa suja, despropositado e ridículo
aproveitamento de casos do foro eclesiástico, propaganda charlatã de feira
política. Neste dia e nesta magna circunstância (irrepetível em 100 anos) não
tem lugar o figurino doméstico dos parlamentos regulares. Marcasse o Parlamento
outra sessão de esgrima inter-partidos, onde cada qual pudesse livremente
argumentar, contrapor ou concordar. Mas hoje não, sobretudo em Machico, terra
primeira seiscentista! Hoje, “Dia D” da Redescoberta e da Autonomia!
Outrossim,
não é hora de fazer chicana política, de eiró rastejante de calhau em calhau,
tentando opor Machico ao Funchal, com o doentio infantilismo argumentativo de que
Machico celebra a data em 2 de Julho e o Funchal (ou a Região) em 1 de Julho.
Vem de há mais de 500 anos esta
discrepância, desde Azurara, João de Barros, Damião de Gois e outros cronistas
e abalizados historiadores. Aliás, Machico não esperou pelo decreto regional
para comemorar o Achamento. Já antes do 25 de Abril, aqui foi sempre o “2 de
Julho” festejado com o devido enquadramento histórico-cultural.
E
se no cômputo global das comemorações a pintura deixada pelos programadores e seus comparsas ficou manchada com o redondo borrão
da propaganda arraialesca, quem como eu seguiu em diferido o evento tem o dever
de prestigiar o “bom senso e o bom gosto”
de duas intervenções que, no alinhamento
introdutório, fizeram jus a Machico e às suas gentes, sobretudo na alvorada de
Abril/74 na Madeira e na luta pela extinção da colonia em cuja vanguarda o Povo de Machico sempre esteve.
Manda a verdade histórica reconhecer que,
assim como os marinheiros do Senhor Infante abriram a grande epopeia portuguesa
a partir da baía de Machico, da mesma forma este Povo (a que tenho a honra e o
brio de pertencer) foi o primeiro e mais decidido em implantar na ilha os horizontes da Revolução dos Cravos e os
sonhos da Autonomia e da verdadeira Liberdade!
01.Jul.19
Martins Júnior
O APANÁGIO DOS GRANDES POLEMISTAS É E SERÁ SEMPRE, O DOM DA PALAVRA!
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