Fosse
onde fosse, o que ontem aconteceu em Machico mereceria sempre a subida honra do
título: “Todo o Tempo e Todo o Mundo”. Porque é fora de suspeita a realidade
factual ali dita e desdobrada perante a magna assembleia de educadores,
professores e jovens estudantes ali presentes, envolvidos e abraçados sob o
signo em epígrafe.
O
brilho da educação e as suas imensas
derivadas apresentaram-se de braço dado com a intuição e a criatividade humanas
focalizadas no amplo conceito do “Empreendedorismo”. E o mais impressivo,
desconcertante e, ao mesmo tempo, ajustado de tudo foi a dedicatória presente
em todo o acontecimento: as crianças em idade escolar. Aliás, foram elas as
protagonistas e as destinatárias dos esforços de tantos professores que, ao longo
de vários anos, assimilaram a essência da iniciativa e puseram em prática as
linhas programáticas do programa. Que bela identidade lhes deram “Brincadoras
de Sonhos”.
Ali,
ao vivo e pela mão dos seus operacionais assistiu-se à anatomia do ensino, as
suas consequências, as suas exigências. Viu-se a educação por dentro, os prós e
contras do figurino actual, estático, direi, quase-escolástico, narcísico,
talvez autista das escolas tradicionais. Em contraponto, surgiu uma nova face
do ensino, de carácter pragmático, caminhando lado-a-lado com a vida,
integrando-se nela e com ela fazendo a pareceria perfeita. Neste módulo, o
alunos já não é um segregado, fechado numa sala ainda mais segregada, mas um
companheiro do saber, contracenando com o conhecimento científico. discutindo com
ele e com ele “ganhando competências”, ampliando o espírito crítico através da
criatividade inata ou adquirida.
Para
nós, adultos, formatados no apertado
escantilhão do ensino dogmático de outrora, custa a entender os dados da “escola
nova”, gizada ao ritmo da vida e na ponta de um dedo. É por isso que se torna
imperativo incondicional o aproveitamento de todos as componentes e valências da
vida em sociedade, incluindo as redes sociais, os ‘tablet’s”, os telemóveis e a
sua forma de usá-los. Enfim, um mundo novo, um tempo novo!
Brilhante
- e mais que brilhante – substancial e rico foi o elenco de professores
intervenientes neste seminário, com obra feita na docência de várias
universidades portuguesas e estrangeiras e com trabalhos reproduzidos em livros
e revistas da especialidade. Singular, motivadora a exposição do catedrático
brasileiro Paulo Eirado Dias Filho. Nota máxima para todos! Não menos cativante
foi a narrativa das actividades escolares, a cargo das professoras de
estabelecimentos de ensino da Madeira e do Continente (apoiados pelos respectivos
municípios ali representados) como num sugestivo filme em que aparecia o
talento empreendedor dos alunos. Duas notas dominantes: os programas são
direccionados para o futuro das crianças, tornando-as autónomas, auto-confiantes,
capazes de superar os obstáculos supervenientes. Concomitante a este propósito,
os prelectores incutiram o verdadeiro
conceito do empreendedor, não tanto como empresário de negócios, mas como
programador do seu próprio futuro, o seu e o da sociedade envolvente.
Mais
um dia pleno: a plenitude da grande família humana que juntou docentes e
discentes, crianças e adultos num mesmo sentir, o de construir o futuro. E a
plenitude de outros espaços geográficos onde já estão em marcha os novos paradigmas pedagógicos. Ocorreu-me o
pensamento crítico de Galopim de
Carvalho, em recente entrevista, relativamente aos códigos anquilosados da
aprendizagem: “Não estamos a educar crianças. Infelizmente estamos apenas a
amestrar crianças”.
Parabéns
aos dois ilustres madeirenses, Prof. Jacinto Jardim e ao Prof. Eduardo Franco, pelo
dinamismo verdadeiramente empreendedor de unir mestres e aprendizes de todo o
país nesta inovadora estratégia didáctica. Parabéns à entidade promotora da presente
iniciativa, o Município de Machico, na pessoa da Vereadora da Cultura, Mónica
Vieira, pela inteligente metodologia com que liderou todo este movimento. Numa
altura em que ‘virou’ moda e vício meter tudo ao ‘baralho’ dos “600 anos”,
ainda bem que a autarca libertou Machico dessa rede viciada e até ridícula. No
entanto, foi incisiva a sua evocação de Tristão e Zargo, para apelar aos “Brincadores
de Sonhos”, os jovens e as crianças de hoje, a que se assumam como descobridores
e empreendedores de um mundo novo. O seu, o nosso Mundo!
05.Jul.19
Martins Júnior
Muito obrigado, caro Pe. Martins, pela sua presença no Seminário Internacional de Educação para o Empreendedorismo e Cidadania, bem como pelas suas palavras inspiradoras que expõem bem o que pretendemos com este projeto. Um abraço amigo, com votos de que continue a promover o que há de melhor na alma humana. Jacinto Jardim
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