quarta-feira, 3 de julho de 2019

POVO QUE FAZ, FESTEJA E AGRADECE


                                                            

Como é saudável a transparência dos contrastes! E que  brilho de alma acender una vela no antro da nocturna escuridão. Tal como  ver recrutarem-se à luz do sol nascente os verdes plúmbeos da montanha ou o negrume basso do nosso basalto. Há mais verdade  e cor dentro e fora de nós!
Foi o que me foi dado ver e seguir, passo a passo, nas comemorações do Achamento da Ilha, entre 1 e 2 de Julho.  O dia primeiro apresentou-se opado com recheios de gente de fora – Bem-vindo quem vier por bem -  e adereços de fino artifício. A “glória de mandar, a vã cobiça a que chamamos fama”, diria Camões. O dia segundo, porém, modesto mas pleno, em aberta praça pública e democrática partilha da população de Machico. Sem desdourar o primeiro, manda a verdade dizer que o segundo ganhou-lhe a palma. Porquê?...
A evidência não deixa dúvidas. No 2 de Julho, as gentes de Machico sentiram o pulsar histórico do seu “Dia”. E fizeram a festa, Os poemas, as canções, as emoções. Tudo quanto foi servido à mesa de Tristão e Zargo, 600 anos depois, foi tudo manufacturado, vivido, assimilado pelo povo da terra. Na expressão plástica do baixo-relevo, da autoria de um homem de Machico, o escultor Luis Paixão, condensa de forma iniludível a fidelidade deste Povo fiel à verdade histórica do seu nascimento para os Anais do Tempo.
Insofismável, porém, foi a prova que, em jeito de pré-anúncio, apresentou  o Presidente da Junta de Freguesia ao revelar em primeira mão a decisão de reeditar a colectânea “AQUELE ESPESSO NEGRUME”, uma obra editada em 1982 pela Junta de Freguesia, então presidida por quem escreve estas linhas. Trata-se da recolha de textos dos autores iniciáticos que perpetuaram por escrito a evocação do Grande Feito de 1419. O mérito da obra reside na energia porfiada de um punhado de jovens estudantes que, há 37 anos(!), pesquizaram e reproduziram os primeiros testemunhos de cronistas coevos, desde Francisco Alcoforado, Gomes Eanes de Azurara, João de Barros, Gaspar Frutuoso, Luís Vaz de Camões, a que seguiram poetas e romancista que, nos séculos seguintes, versaram o mesmo tema. Jovens audazes do concelho, rapazes e raparigas que abraçaram entusiasticamente a minha sugestão e  deixaram para o futuro uma autêntica memória científica.
Será, talvez, a coroa que faltava nestas comemorações, a qual saúdo efusivamente na pessoa do Presidente da Junta de Freguesia de Machico, Alberto Olim, com votos de que seja o bandeirante dessa iniciativa, esta sim, feita em Machico, por Machico e para Machico. Um Bem Haja!

03.Jul.19
Martins Júnior

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