Galguei,
um a um, os degraus daquela escada estreita. E sem chegar ao Monte da Senhora,
nesta revéspera do seu dia, posso afiançar que subi mais alto que ele. Porque
dali vi muito mais que do alto do Monte. Aliás, vimos nós todos, os que fizemos
o esforço de lá chegar.
Estamos
no alto da torre, agora renovada, da igreja de São Roque do Funchal, É a cidade
inteira que abraçamos num ligeiro menear de cabeça. Periscópio aberto sobre o
anfiteatro todo-circular do Funchal iluminado nesta noite de Agosto, por ele
ficamos com uma visão holística da capital madeirense.
Outro
mirante, porém, sobre a mesma e outra cidade é o que se tem passado no vetusto
templo de São Roque: a cidade-espírito na catedral de um pensamento vivo, a
concretização de uma cultura global,
estruturalmente humanista. A começar pela mensagem do Papa Francisco largamente
citada pelo Prelado Nuno Brás. Na linha de Teilhard de Chardin, pela natureza,
pela ecologia – palavra chave, pela Criação – chegamos ao “Omega” Criador.
Mas
é na “criatura” que a Humanidade cresce e frutifica. Por essa razão, assim
julgo, a tribuna do magistério evangélico oferece-se a todo o crente (vulgo dictu, leigo) que tenha uma
mensagem pessoal, autêntica, valorativa, a transmitir a toda a assembleia
presente. Constitui um “pequeno grande passo” na trajectória civilizacional de
um povo ver um homem/uma mulher subirem os degraus, ditos sagrados, daquele
templo e daí partilhar com os “companheiros/companheiras de jornada” da vida as
vivências existenciais iluminadas pelo clarão que dimana da teologia humanista do
Nazareno. É o Evangelho de sempre moldado
e traduzido aos nossos dias num “saber de experiência feito”. Quem escuta
entende e quase revê-se inteiramente numa linguagem colada ao nosso quotidiano.
Para
completar a obra-prima deste friso litúrgico, que beleza e profundidade didáctica
ver o Prelado Diocesano ladeado pelo Padre José Luís Rodrigues e pelo Padre
Giselo! Não se trata de uma mera leitura linear o que os nossos olhos têm
contemplado naquele templo e naquela preparação sequencial para a festa do
Orago da localidade, um feixe de mensagens substanciais que se prolongam até
domingo próximo.
Vale
a pena subir à torre do São Roque do Funchal. E muito mais vale - o paradoxo é intencional – muito mais vale “subir ao chão” do templo para o nosso olhar poder alcançar horizontes
mais vastos no tocante a uma verdadeira espiritualidade – esclarecida e optimista!
Do que foi dado observar, aliado ao sempre indesmentível testemunho coerente e
transparente do Padre José Luís Rodrigues, creiam os madeirenses que é neste
exemplar de Homem e Líder espiritual que reside a esperança de uma Igreja
renovada, saída da nascente original de há dois mil anos e reincarnada na
pessoa de Francisco Papa!
Pela
minha parte, agradeço a dádiva do convite, que considero histórico, para
associar-me presencialmente a um evento potenciador de novas descobertas no
percurso do Homem-Viageiro no Tempo.
13.Ago.19
Martins Júnior
É bom, na verdade, subir para contemplar; é bom pousar no chão... olhar para cima e, de cima, meditar o chão que pisamos e olhar quem subiu e continua ao nosso lado e connosco. Grande lição!
ResponderEliminarEra impensável que em vésperas da festa da padroeira de toda a população da Madeira, Senhora do Monte, fosse possível saborear a doçura e a leveza desta narrativa esculpida do alto da Torre da Igreja de São Roque do Funchal. Ao degustar espiritualmente este texto, senti-me parte integrante desta ascensão feita por um caminho longo, distante mas, seguro como os pilares do mundo, desse varandim sobre a cidade dos homens timoneiros.
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