Não
importa quem o disse. O caso é que está
dito:
“O mundo, este Planeta,
é como um grau de areia na imensidade do
universo. É como uma gota de orvalho caído de madrugada. Mas é belo. É são.
Digno de ser amado. E nunca odiado. Só o simples facto de existir merece o
nosso enamoramento. E a nossa dedicação. Porque há um espírito etéreo, quase
divino, que percorre todas as coisas e penetra-as até ao mais íntimo. Amar a
terra, Amar a vida» – eis o que é preciso! É por isso que no ser humano, dotado
de liberdade e poder de opção, torna-se necessário corrigir os desvios e fazê-lo
regressar à pureza original para que foi criado”
Que
mais falta para erigir este parágrafo como o monumento à natureza, o mais
expressivo panegírico à ecologia, ao ambiente?... Belo discurso, em defesa da Vida
e do Amor! Transformar todos os códigos de conduta sobre a natureza e toda a
ética ambiental num poema de afecto ao
Planeta e a tudo quanto nele habita! Daqui poderiam extrair-se as mais
audaciosas pistas legais em defesa da Terra. Todas as cimeiras e todos os tratados
contra as alterações climáticas, contra o aquecimento global cabem neste
parágrafo, de tão actual e oportuno se apresenta. Imperativo e urgente.
O que falta esclarecer é a dúvida formulada
no início deste arrazoado: Quem o fez? Quem o escreveu?
E aí reside o efeito-surpresa mais
acutilante e mais impressivo: o texto tem milhares de anos. É desconhecido o
seu autor formal. O que sabe é que vem no “Livro”, o da Sabedoria, capítulo 11,
versículos 12-22. E se é desconhecido o seu autor formal, traz implícito o seu
Autor material. Quem lançou ao papiro essas palavras fê-lo como se fosse a própria
Divindade a assumi-las em discurso directo e ao vivo. É Ele, o Criador, que
fala abertamente sobre o seu espírito que penetra todas as criaturas. E anula sem
rodeios as superstições, as águas-bentas, todos os simulacros com que “o povo
néscio se engana”. Toda a água é benta e
abençoada, desde que seja boa. Toda a natureza está imbuída do sagrado. “O que
há é pouca gente que dê por isso”, bem poderia repeti-lo Fernando Pessoa.
Vale a pena reler o “Livro” da Sabedoria,
que constituiu o texto litúrgico oficial deste fim-de-semana. Dá saúde ao corpo
e ao espírito. Preenche a vida inteira. E regenera toda a Terra!
03.Out.19
Martins
Júnior
Que brisa e que tónico suave de abençoar a terra, o mar, as aves e todas as criaturas maravilhosas, criadas à luz do espírito divino. Este texto, deveríamos tê-lo bem presente todas as manhãs de cada novo dia. Aliás, quem teve a oportunidade de assistir à eucaristia deste ultimo domingo, na Ribeira Seca, foi efusivamente brindado e servido com a força espiritual deste eloquente texto. Caros amigos, é reconfortante, educativo e inspirador meditar sobre as interpretações do Pe. Martins sobre as leituras dos textos bíblicos, autênticos ensinamentos para toda vida.
ResponderEliminar"É ao domingo, quando sai da igreja, que tudo começa, esteja onde estiver" Arcebispo Paris Mgr. Vint-Trois. Que pensamento tão atual como a mensagem do texto acima referido do Livro da Sabedoria.