Em
tempo de crise, seja ela qual for, o que mais falta faz é a emergência de
alguém que dê o peito às balas, que dispa todo o verniz e toda a pompa, que se
atire à fera invasora e abra caminho às soluções libertadoras. Em suma, um Líder.
Ora,
na hora em que vivemos, em tudo semelhante à de outras eras distantes, é-nos
proposto um exemplar de liderança, protótipo de quem tenha a coragem de acender
um facho luminoso, em vez de limitar-se a amaldiçoar as trevas. Precisamente
neste fim-de-semana, o Livro (ao qual presto o meu culto hebdomadário) traz-nos
a estatura desse a quem chamam “O Precursor”, João, de seu nome, apelidado de O
“Baptista”,
É
um outro João, o mais jovem militante de entre os Doze, é ele que toma a
iniciativa de narrador para nos informar e caracterizar o perfil do líder e pioneiro
daquele Mundo Novo que o Nazareno tentaria, mais tarde, implantar lá para os
lados do Oriente. Amas, a um Natal segue-se outro Natal, a muitos presépios
sucedem-se miríades de estrelinhas coloridas de mil presépios, a uma ‘festa’
alinham-se, perdem-se e outra vez reacendem-se outras ‘festas’. No entanto,
quem se lembra da figura imponente, estóica e inquebrável do primeiro a desbravar a massa bruta,
informe, da ignorância reinante e a depressão pandémica do judaísmo
palestiniano?... Subalternizada, minimizada e esquecida ou manipulada tem sido
sempre a grandeza do “Baptista”.
No
elenco dos seus predicados, sobressai o nobre estandarte da Justiça, brilha em
contraste meridiano a Humildade e, na ponta da sua lança, agiganta-se o
esplendor da Verdade. No seu programa constitucional e no seu plano de acção
concreta, basta o tríptico fundamental de toda a sua vida: Justiça, Humildade, Verdade.
Foi com estas armas que afrontou o poder
dos soberanos intocáveis de uma sociedade corrupta, que os alimentava,
apresentando Aquele que, sendo o maior, vivia no meio do povo, sem que o
próprio povo O conhecesse”. (Jo,11-28).
E foi, pelos mesmos ideais, que deu a vida
nos patíbulos de Herodes. É a sina escrita no fundo dos abismos e que
Reinaldo Ferreira sintetizou nestes termos: “O Herói serve-se morto”.
Figura
cimeira da liderança entre os povos, João, “O Baptista” abre o álbum exemplar e o caminho exacto para
todos aqueles que, desde o bairro até ao trono presidencial, propuseram-se (ou
foram obrigados) a tomar decisões em prol dos povos, seus constituintes. Nas
circunstâncias actuais, quão embaraçoso e, até, suicidário significa o
exercício de liderar! Impossível “agradar a gregos e troianos”. Quantos dos governantes, actualmente (!) esperariam um
passeio alegre e agora confrontam-se com um tsunami de convulsões sociais!...
Quantos não desejariam voltar atrás?!... Talvez nunca imaginaram que no frontispício
do majestoso palácio por onde
garbosamente entraram estava gravada a sentença que o épico italiano, Dante
Alighieri, inscreveu nos portões do inferno da “Divina Comédia” : Lasciate
ogni speranza, voi ch’entrate - “Deixai fora toda a esperança, ó vós que
entrais,” deixai todo o orgulho, toda a
arrogância!
No
fragor e na inconsistência da hora que passa, merecem os líderes a nossa
atenção e o nosso apoio, desde que sigam os referenciais que João, “O Baptista”,
deixou aos vindouros responsáveis da grei:
1) Que
atirem fora (direi, que vomitem, de vez) a fumaça balofa da vaidade e do ‘eu cá
não tenho medo de nada’ e com Humildade punham os pés no chão frio
onde vive o povo.
2) Que
sejam honestos e clarividentes na identificação dos problemas, .na pesquisa de
soluções, e que a Verdade seja o
foco mais visível na informação e na acção.
3) Que
tenham sensibilidade e consciência distributiva na concessão dos
apoios disponíveis, que não deixem para trás os mais fracos, os paralíticos
sociais e que pela Justiça promovam
a fraternidade entre os seus concidadãos.
Faz
bem – até na pandemia – revisitar o “Precursor” durante este Natal!
13.Dez.20
Martins Júnior
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