No
princípio era a Ilha. – afogada pelo mar, o mesmo e único mar.
Eram
os DDT, os ‘Donos Disto Tudo’, capitães Donatários.
Era
e continuou a ser a Diocese. Aliada do Poder.
E
domesticadora, castigadora, castradora do Povo.
Era
a Monarquia de lá. Depois, veio a
República e veio a Democracia.
Mas
continuou a Monarquia. A de cá.
Habituámo-nos
e ‘gostámos’ do mar que aperta, do DDT (não de dois, mas de um, o Único) que
nos garroteou e depois nos deixou órfãos.
Gostámos das sotainas vermelhas que nos metiam debaixo delas para nos salvar.
Sitiados,
anestesiados, domesticados até ao tutano, já não podíamos viver sem a grilheta
que nos prendia à cela, sem a peneira que nos tapava o sol e sem o tapume de
chumbo que não nos deixava respirar.
Quantos
madeirenses puderam respirar o ar puro da liberdade ou sentir o cheiro álacre da
sua verdadeira autonomia?... Quantas gerações?...
Até
mesmo quando Abril rompeu as cadeias e soltou as rédeas do vento norte para
enchermos de um novo sopro os pulmões da Ilha, deixámo-nos ficar acorrentados à
sombra da bananeira, a mesma, regados e
untados com a mesma água-benta que lhe engrossava o troço… Durante 43 anos.
Mas
alguém chegou e abalou as portas férreas da ditadura eclesiástica. E soltou um
Povo!
Terá
sido o prenúncio do novo ar que ontem, Domingo 22, se evolou sobre os insulares? Oxalá! Seja a
capicua da sorte o novo rumo desta Nau, chamada Madeira!
Terminado o reino dos “Monos” – o monopoder
absoluto, o monopartido, a monosotaina – abriram-se, enfim, as comportas, ainda
incipientes, inseguras, do diálogo, da
cooperação, do respeito mútuo e da construção comunitária. Saibamos segurá-las,
ampliá-las!
23.Set.19
Martins
Júnior
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