A cidade dorme
Nem uma sombra descreve as ruas
dormentes
E os sonhos se os há
Jazem no asfalto ou fumegam latentes
Por entre os tabiques e sob a mudez de
um sofá.
Mais que o nevoeiro dói o sol gelado
Nas buganvílias vermelhas
Que vestem as telhas
Da cidade deserta
Onde não há chama e o tédio aperta
Então partiu
A Ilha-Cidade
Sulcou mares continentes
Que lhe dessem
O
Dia da Primavera
O canto dos pássaros o brilho da
gerbera
No beijo das goiabas e no abraço dos
ramos
Interditos aos humanos
Sobrevoou
montanhas
Naufragou oceanos
Rondou impérios
E já o anjo exterminador marcara
maiores danos
Nas praças plantara cemitérios
Das portas dos palácios fizera lenha
mortuária
Desfeita em cinza, lavrada em abafado
pranto
Que estância esta de fúria e quebranto
Que medonho invisível dinossauro
De tridente secreto
Afoga os corpos devora as almas
Com seu mudo e sádico decreto
E troca amor do peito em desamor das
mãos!
Tornou então viagem
A Ilha-Cidade
Içou as velas e voltou
À Baía da Saudade
Aqui
Onde parar é viver
Aqui
Onde a prisão é um reino
Aqui
Das janelas fechadas
Abriremos alvoradas
E o sol novo estenderá
O passadiço de buganvílias vermelhas
Manhã cedo manhãzinha
Entre a tua varanda e a minha
21.Mar.20
Martins Júnior
Está na "linha " do Tragédia Rodavante, cheio de força e genica. É caso para dizer " Machico tem, Machico sabe, que o Cristo dos Milagres não quer que o mar adormeça, nem quer que o fogo se acabe."
ResponderEliminarÉ assim, o Senso & Consenso sempre na linha da frente. Um abraço e cuide-se.
E « entre a tua varanda e a minha» vamos sonhando o calor da aventura.
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