Na minha boca nascem rios gorgolejantes
Babélica harmonia
Da fonte de Hipocrene
Da velha Lácio e do seu seio solene
Que Eneias dócil e o fogoso Ulisses
Arrastaram às praias lusitanas
Das Tágides camonianas
Zargo e Tristão
Encheram gávea e porão
E as vestais romanas e as musas de
Atenas
Chegaram à Baía dos Amores
Puseram na minha boca cânticos de mil
cores
Estrelas sonoras de novos mundos e
outras eras
Partiram de novo as caravelas
E todos os rios foram com elas
Hoje
Onde houver terra ou mar
Aí alguém há-de cantar
Em cadências de Homero e acordes aos
milhões
As rimas de Camões
E os ritmos de Pessoa
E há-de saber o Quinto Império
Que as asas de fogo
Que inundaram o sul-hemisfério
Antes que voassem ao corpo de Vieira
Ancoraram primeiro em Machico da
Madeira
Por aqui passaram as falas migrantes
Dos rios gorgolejantes
De aquém e além
Hoje
A minha língua navega
Como vela desgarrada
Sem porto nem amurada
E sem temer uma só vez
Porque
Nos oceanos do verbo
Todo o Mar é Português
05.Mai.20 - Dia Mundial da Língua Portuguesa
Martins
Júnior
«Nos oceanos do verbo
ResponderEliminarTodo o Mar é Português».
E, agora, cabe a minha vez
De dizer que Machico é mais que luso,
Porque daí vieram homens ilustres ou afins
E ninguém me pense e tome como abuso,
Mas, bem no alto, vejo a assomar o P. Martins.
Um abraço amigo.