Pelos
dois e na sua inspiração, leio os textos que neste fim-de-semana inundarão os
templos e as multidões crentes do nosso planeta, Trata-se da contemplação do
mundo – uma seara imensa à espera de trabalhadores – e a urgente necessidade de
braços para arroteá-la, fazê-la produzir e, por fim, ceifá-la.
O
Mestre Nazareno foi quem assim viu e interpretou o processo evolutivo da
humanidade, E, daí, lançou-se na grande aventura de recrutar colaboradores para
tão ingente tarefa. Não mandou estafetas em seu lugar, muito menos esperou por intermediários
informadores, com fichas de candidatos e credenciais de recomendação. Foi Ele
próprio ao terreno, desafiou o desconhecido, expôs-se “às balas” e chamou,
convidou, convenceu presencialmente na praça pública, nas praias e até nos
locais de trabalho aqueles que, mesmo desprovidos
de graus académicos ou talentos
excepcionais, entendeu aptos para a grande campanha que se propunha. Eles eram
pescadores, camponeses, alguns funcionários públicos e, para ironia do destino.
Para Ele, o primado da intuição opcional era o axioma popular: “Mais faz quem
quer que quem pode”.
E
se directo foi o processo de recrutamento, mais informal e autêntico foi o da
transmissão de poderes. Contrariando os protocolos aristocráticos das
investiduras e tomadas de posse dos sucessores do trono de David – Rei, Profeta
e Sacerdote – com cerimoniais especiosas, bênçãos, óleos e unguentos
esotéricos, quase fetichistas em pleno Santuário de Jerusalém, o Nosso Líder e
Mestre prescindiu de tais empolamentos sacro-burocráticos e, como único diploma
superior, preparou-os com o antídoto eficaz nos embates futuros, preveniu-os contra as
megalomanias do poder e da ganância financeira. “Não leveis moeda alguma de ouro ou de prata, não leveis bolsa, nem
sacolas para dinheiro, nem sequer duas
túnicas… Fazei o bem, curai os doentes, aliviai todos os seus traumas,
fantasmas e dores
e, acima de tudo, levai-lhes a paz”. (Mt.10, 1-14). Foi esta a consagração dos seus “eleitos”. Anselmo Borges é claro e directo quando diz que “não consta dos textos evangélicos que Jesus tenha ordenado alguém com o sacramento do Sacerdócio”. A ordenação, nos seus códigos, consistia na assumpção apaixonante das tarefas a realizar, o conteúdo funcional da sua missão: libertar o povo, restituir-lhe a liberdade perdida nas garras da ditadura religiosa da era moisaica!
e, acima de tudo, levai-lhes a paz”. (Mt.10, 1-14). Foi esta a consagração dos seus “eleitos”. Anselmo Borges é claro e directo quando diz que “não consta dos textos evangélicos que Jesus tenha ordenado alguém com o sacramento do Sacerdócio”. A ordenação, nos seus códigos, consistia na assumpção apaixonante das tarefas a realizar, o conteúdo funcional da sua missão: libertar o povo, restituir-lhe a liberdade perdida nas garras da ditadura religiosa da era moisaica!
Teólogos
e biblistas de renome apontam, como paradigma do Nazareno, a abolição dos
cânones tradicionais, porque vazios de sentido e prenhes de hipocrisia
farisaica, propondo a transparência da palavra e a persistência na acção. Em
termos actuais, foi a destruição do clericalismo autoritário de que reveste a
grande massa do edifício hierárquico-religioso. E é por isso que, neste
interregno forçado da pandemia, muitos ditos “fiéis” perderão o rumo e a
prática da sua crença, se ela se construir na areia movediça do clericalismo devocional.
Para
os outros, porém, os que vêem e incarnam a essência criativa do Jesus de
Nazaré, nada se perde, tudo se transforma e fortalece. É destes que falo hoje e
neles me inspiro neste fim-de-semana: Padre Tavares e Professora Conceição
Pereira. Humanistas de vocação e raiz, dinâmicos na acção, inabaláveis nas suas
convicções, valorosos nas horas de avançar contra os muros da vergonha,
estivessem nos paióis da exploração financeira, nos ‘bunkers’ do poder ou na
penumbra dos templos. Para eles o perder
uma batalha nunca foi perder a guerra. Para eles, morrer ao serviço da nobre causa sindical significava
abrir os túmulos da pobreza e da ignorância para fazer ressuscitar quem ali
sufocava. A terra, o ensino, a coerência “de antes quebrar que torcer” foram a
marca distintiva e o melhor cartão de cidadania crística que deixam como
precioso legado aos vindouros. Eles responderam à chamada!
De
ambos tive a honra, o sabor e a força da
sua amizade, como seu admirador, camarada e correligionário.
Sejamos
dignos da sua eterna companhia!
13.Jun.20
Martins Júnior
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