Será
este, talvez, o maior preito de gratidão
que posso endereçar ao Concerto comemorativo das Bodas de Prata do Conservatório
em Machico. Quando me preparava para identificar a “personalidade neurótica do nosso
tempo” (tantas e tão depressivas têm sido as convulsões sociais que ultimamente
nos batem à porta) eis que sinto os passos correr para a zona ribeirinha deste
vale, onde as mãos mágicas de seis dezenas de crianças e jovens afastam todo o
negrume que paira sob o firmamento envolvente de cada dia e de cada noite.
São os 25 anos de vida da, inicialmente,
denominada “Extensão do Conservatório-Escola das Artes da Madeira” no concelho de Machico.
Porque o que é Belo, mais que para
descrevê-lo, existe para contemplá-lo e assimilá-lo na mais inefável intimidade
do ser, aqui deixo e partilho generosamente os eflúvios sonoros saídos dos dedos
e da alma dos artistas, escassos de dorso, mas amplos de talento, nesta noite
de sonho consciente.
Sem
destacar nenhum, porque destacáveis todos serão, direi que ali abriu-se a
enciclopédia dos sons, desde os metais, ao arco e à percussão, culminando na
grande apoteose que tornou irmãos gémeos os instrumentos e as vozes, naquela
osmose esvoaçante que roçou os olhos e ouvidos, até penetrar plenamente o
coração dos espectadores, como um banho de inocência e primavera antecipada.
Enfim, foi um banho de saúde mental e emocional que, mesmo àqueles que já
ultrapassaram décadas, lustros e quase um século, nos transfigurou nas crianças
e nos jovens executantes em palco.
Parabéns
aos mestres, aos pais, à sociedade que estimula e alimenta o espírito da Arte
nos seus mais delicados rebentos, promessas de ouro para os tempos futuros. Parabéns
também a tantos outros obreiros que, na silenciosa modéstia dos seu meio
ambiente e longe das luzes da ribalta, promovem a “Divina Arte” no espírito e na raiz do povo
chão, quer através da música popular, quer no conhecimento dos grandes
clássicos, como Beethoven, Mozart, Bizet.
Todos
– mestres, alunos, espectadores – contribuem para o bem-estar social,
contrariando e curando a “personalidade neurótica do nosso tempo”, como o
definiu Karen Horney.
Bem
Haja a Musicoterapia! E Maior e Melhor a JUVETERAPIA!!!
21.Fev.20
Martins Júnior
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