Entre
o luto e a Vida!… Entre a luta e a Glória… Entre a derrota e a Vitória!...
Entre o pranto e o Canto!... Entre a escravidão e a Liberdade!...
Estes e todos os títulos sinónimos seriam
as luvas brancas para fazer brilhar as mãos doloridas de um Povo. Todos
caberiam no alçado frontal deste dia: 27
de Fevereiro – a manhã sombria de 1985, aquela que abriu o livro para que o
Povo sofrido pudesse escrever a breve-longa odisseia de uma história que, sendo
sua, merece compartilhá-la ao mundo, de boca em boca.
PARA QUE O MUNDO NÃO ESQUEÇA!!!
E NUNCA MAIS SE REPITA!
Esta amálgama de manchetes dos jornais
da época, todos de Portugal Continental, faz retumbar o silêncio dos congéneres
do Portugal Insular, aqui na ilha. Razão pela qual levantei a voz em plena
Assembleia Regional da Madeira, denunciando o colaboracionismo entre os órgãos
informativos e os órgãos do poder executivo madeirense, conluiado com o poder
religioso regional.
Todos
os anos está viva esta data no coração desta comunidade. Quase sempre, anos de
luto, de humilhação pública, de ostracismo por parte dos poderes oficiais. Este
ano, porém, (o primeiro em liberdade plena) o novo carrilhão dos sinos da
Ribeira Seca já não dobrou a finados, mas repicou em todo o vale o glorioso
Hino da Alegria. A Liberdade que o Povo conquistou a pulso viu a sua
confirmação formal, “Urbi et Orbi”, mercê da justíssima decisão do novo bispo Nuno
Brás: 35 anos depois!
Vivos
estão também - e andam por aí com um despudor de fazer corar - os assaltantes, titulares então do poder
político e do poder religioso católico. Chamo assaltantes sem lei porque tudo
fizeram sem mandato judicial: foi a barbárie urbana caída em cima de um povo
rural e humilde, por isso mesmo, indefeso: 70 agentes policiais durante 18 dias
e 18 noites a tomar conta de um templo modesto!
Na reflexão desta manhã, leu-se o
discurso de Gamaliel no Sinédrio de Jerusalém quando, após sucessivas sentenças
de prisão, os juízes e sumos sacerdotes
pretendiam matar os Apóstolos mensageiros da Nova Notícia do Nazareno.
Dizia Gamaliel aos seus pares: “Não vos
meteis com essa gente. Se essa campanha (apostólica) for obra dos homens,
depressa vai cair por terra. Mas se vem de Deus, não conseguireis destruí-la,
jamais. Tomai cuidado”! (Act.5, 25 sgs).
E
o resultado foi patente: caíram eles, os juízes e sumos sacerdotes, mas a Boa
Notícia ou “Boa Nova” ficou de pé, sempre de pé! Aqui, no Portugal Insular, os
assaltantes oficiais já caíram do trono, mas o Povo e o templo da Ribeira Seca ficaram
e estão sempre de pé! Alleluia!!!
27.Fev.20
Martins Júnior
Quanto não valem a tenacidade, a persistência, a união e comunhão, a certeza alicerçada na esperança, a alegria no cumprimento de um dever, o amor a um povo, a fé inabalável num Deus que ama e é LUZ...
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