sexta-feira, 11 de setembro de 2020

POR QUEM OS SINOS DOBRAM… E POR QUEM A TERRA CANTA!

 

Postais de Verão 7

 


Enquanto houver mundo e os homens não perderem a memória, há-de ficar o 11 de Setembro como o Dia de Finados que marcará para sempre a ponte entre dois séculos!

Um dia… que foi noite perpétua, onde os sinos não param o dobre intermitente e inquietante por algo e por alguém que nunca deviam ter nascido – a hediondez humana!

11 de Setembro: a capicua anti-ela mesma e que por isso nem as cinzas mereciam ser notadas, se não fosse aquele Postal de Verão, vivo e mimoso: uma flor, de um fúlgido amarelo-sol do meio-dia, erguendo-se, infantil e livre,  por entre os degraus que os nossos pés pisam quando passam.

Oh portento da vida!

Oh inaudito parto do betão opulento e da terra inexistente!

Ali nascera a dádiva do imprevisto e impossível amor, que jamais alguém sonhara.  

E se “a acácia serena” da Toada de Portalegre enchera de verde a alma dorida de José Régio, aqui no vão destes degraus ficariam meus olhos ajoelhados e todo o meu ser em prece orante junto àquela corola de luz iluminando a noite de finados que o monstro-homem criou em 11 de Setembro.

Livro aberto sob os meus pés, conto de fada viva com que sonho por entre os pesadelos dos muitos 11 de Setembro que povoam o negrume dos mortais…

                  


Aprenda a dureza cruel do homem perante o ‘milagre’ do cimento insensível e bruto que deu ao mundo o beijo apolíneo, claro e belo da minha flor, nascida nos degraus do meu quintal.  

 Por isso, contra os sinos que dobram, a terra toda canta!

 

11.Set.20

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