Postais
de Verão 7
Enquanto houver mundo e os homens não
perderem a memória, há-de ficar o 11 de Setembro como o Dia de Finados que marcará
para sempre a ponte entre dois séculos!
Um dia… que foi noite perpétua, onde os
sinos não param o dobre intermitente e inquietante por algo e por alguém que nunca
deviam ter nascido – a hediondez humana!
11 de Setembro: a capicua anti-ela
mesma e que por isso nem as cinzas mereciam ser notadas, se não fosse aquele
Postal de Verão, vivo e mimoso: uma flor, de um fúlgido amarelo-sol do
meio-dia, erguendo-se, infantil e livre, por entre os degraus que os nossos pés pisam
quando passam.
Oh portento da vida!
Oh inaudito parto do betão opulento e
da terra inexistente!
Ali nascera a dádiva do imprevisto e
impossível amor, que jamais alguém sonhara.
E se “a acácia serena” da Toada de
Portalegre enchera de verde a alma dorida de José Régio, aqui no vão destes
degraus ficariam meus olhos ajoelhados e todo o meu ser em prece orante junto
àquela corola de luz iluminando a noite de finados que o monstro-homem criou em
11 de Setembro.
Livro aberto sob os meus pés, conto de
fada viva com que sonho por entre os pesadelos dos muitos 11 de Setembro que
povoam o negrume dos mortais…
Aprenda a dureza cruel do homem perante
o ‘milagre’ do cimento insensível e bruto que deu ao mundo o beijo apolíneo,
claro e belo da minha flor, nascida nos degraus do meu quintal.
Por
isso, contra os sinos que dobram, a terra toda canta!
11.Set.20
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