Fina-se o DIA do IDOSO e já se amanha
o DIA do JOVEM, viçoso e galante, logo que o sol desponte. Afinal, é a tômbola da
vida, um dia atrás do outro. Se todos os dias são do Idoso, cronologicamente todos
os que se lhes seguem são-no do Jovem, do Adolescente, da Criança. E aí é,
precisamente, o epicentro onde os extremos se tocam e, nalgumas circunstâncias,
se identificam.
Tocam-se a força e a
fragilidade, o sorriso e o pranto, a velhice e a infância, no limite, o berço e
a sepultura. A vida e a morte.
Colocados diante da
grande “Roda da Sorte”, despertamos para
o cenário da Quadratura do Círculo, consignada aos quatro túneis, todos bem
sinalizados na paisagem do quotidiano, aguardando a nossa opção:
1. Viver MAIS e MELHOR
2. Viver MENOS e PIOR
3. Viver MAIS e PIOR
4. Viver MENOS e MELHOR
Nem são precisas sondagens para nos convencermos de que há unanimidade
plena quanto à primeira opção. O mesmo poderá concluir-se quanto à segunda:
viver tão pouco, só para sofrer, não valerá a pena, como já de muito longe diz
o provérbio bíblico: Magis mors quam vita
amara – “Antes a morte que uma vida amargurada”.
No terceiro e quarto item’s é que se torna controverso o quadrado
dentro ou fora do círculo: Viver MAIS e
PIOR. Quem o deseja?... É o incontornável dilema: Quantidade vs. Qualidade. E lá vem o Livro da
Sabedoria a avisar-nos: “A muita
sabedoria não se mede pelo número de anos”.
E a felicidade também. Finalmente,
a última opção: Viver MENOS e MELHOR. Em similitude com a proposta anterior,
estamos perante o mesmo conflito entre Qualidade e Quantidade. Teríamos de
sacrificar um dos dois em benefício do outro: tempo vs saúde, melhoria e
bem-estar. Ou, o seu oposto: bem-estar vs tempo.
Se ao humano inquilino do
planeta fosse dado o soberano poder de decisão, feitas as contas, chegaríamos à
varanda sobre o abismo, onde confrontar-nos-íamos com - para uns - o fantasma.
Para outros, o nirvana da quietude
mais apetecível: seu nome, a eutanásia.
Em dia de festa e de apoteose dos bandeirantes que outrora
levantaram o estandarte da luta e da vitória, mas hoje mal chegam as forças
para segurar o bordão de apoio, sim, hoje não será oportuno apostrofar o
fantasma ou o nirvana, retro-citados. Outro dia será.
Entretanto, ergamos (os que como eu podem fazê-lo) ergamos o
troféu da longevidade activa e demos o braço e o coração aos que já não podem.
E porque hoje é Dia da
Água, sirvamos aos mais desvalidos a felicidade possível, nem que seja dentro
de um copo de água fresca.
E porque hoje é também Dia da Música, acreditemos que é possível,
assim espero, “adormecer eternamente no
Senhor da Vida, ao som de uma “Serenata, a nº13” de Mozart ou de um vitorioso “Halleluiah” de Haendel!...
01.Out.20,
Dia Internacional do
Idoso
Martins Júnior
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