quinta-feira, 1 de outubro de 2020

A QUADRATURA DO CÍRCULO DA VIDA: VIVER MAIS E MELHOR… VIVER MENOS E PIOR… VIVER MAIS E PIOR… VIVER MENOS E MELHOR…

                                                                


Fina-se o DIA do IDOSO e já se amanha o DIA do JOVEM, viçoso e galante, logo que o sol desponte. Afinal, é a tômbola da vida, um dia atrás do outro. Se todos os dias são do Idoso, cronologicamente todos os que se lhes seguem são-no do Jovem, do Adolescente, da Criança. E aí é, precisamente, o epicentro onde os extremos se tocam e, nalgumas circunstâncias, se identificam.

Tocam-se a força e a fragilidade, o sorriso e o pranto, a velhice e a infância, no limite, o berço e a sepultura. A vida e a morte.

Colocados diante da grande  “Roda da Sorte”, despertamos para o cenário da Quadratura do Círculo, consignada aos quatro túneis, todos bem sinalizados na paisagem do quotidiano, aguardando a nossa opção:

1.      Viver MAIS e MELHOR

2.      Viver MENOS e PIOR

3.      Viver MAIS e PIOR

4.      Viver MENOS e MELHOR

 

            Nem são precisas sondagens para nos convencermos de que há unanimidade plena quanto à primeira opção. O mesmo poderá concluir-se quanto à segunda: viver tão pouco, só para sofrer, não valerá a pena, como já de muito longe diz o provérbio bíblico: Magis mors quam vita amara – “Antes a morte que uma vida amargurada”.

No terceiro e quarto item’s  é que se torna controverso o quadrado dentro ou fora do círculo:  Viver MAIS e PIOR. Quem o deseja?... É o incontornável dilema: Quantidade vs. Qualidade. E lá vem o Livro da Sabedoria a avisar-nos: “A muita sabedoria não se mede pelo número de anos”.  E a felicidade também.    Finalmente, a última opção: Viver MENOS e MELHOR. Em similitude com a proposta anterior, estamos perante o mesmo conflito entre Qualidade e Quantidade. Teríamos de sacrificar um dos dois em benefício do outro: tempo vs  saúde, melhoria e bem-estar. Ou, o seu oposto: bem-estar  vs tempo.

Se ao  humano inquilino do planeta fosse dado o soberano poder de decisão, feitas as contas, chegaríamos à varanda sobre o abismo, onde confrontar-nos-íamos com - para uns - o fantasma. Para outros, o nirvana da quietude mais apetecível:  seu nome, a eutanásia.

Em dia de festa e de apoteose dos bandeirantes que outrora levantaram o estandarte da luta e da vitória, mas hoje mal chegam as forças para segurar o bordão de apoio, sim, hoje não será oportuno apostrofar o fantasma ou o nirvana, retro-citados.  Outro dia será.

Entretanto, ergamos (os que como eu podem fazê-lo) ergamos o troféu da longevidade activa e demos o braço e o coração aos que já não podem.

E porque hoje é  Dia da Água, sirvamos aos mais desvalidos a felicidade possível, nem que seja dentro de um copo de água fresca.

E porque hoje é também Dia da Música, acreditemos que é possível, assim espero, “adormecer eternamente  no Senhor da Vida, ao som de uma “Serenata, a nº13” de Mozart ou de um  vitorioso “Halleluiah” de Haendel!...

 

01.Out.20,

Dia Internacional do Idoso

Martins Júnior

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