Entrou
– vai quase um ano – no túnel obscuro da incerteza sanitária, fez o difícil exame
do confinamento e saiu dele chumbado. Mesmo com o bónus da ‘pulseira
electrónica’ da fuga rapidinha no Natal e o fogachal novo-rico numa ilha
pelintra, não escapou à intransigência do ‘júri-dr.Covid’: tem de repetir o
nevoento exame do confinamento.
E quando se esperava, em fins de Janeiro,
o alvor da manhã, eis que Portugal entra
de novo no espesso negrume do confinamento. Para cúmulo da escuridão, o trenó
que trazia os (as) estafetas da alvorada borregou e parece ter encalhado numa
estação gelada, chamada “Positivo”.
Agora, nem mensagem nem mensageiro…
Fica
o povo entregue a si mesmo, fechado outra vez na sala-túnel do exame, sem saber
quando desponta a hora de sair.
Anda por aí, vagante, a alma de Fernando Pessoa,
em noite de agoiro, ululando nas encruzilhadas: “Portugal, hoje és nevoeiro”.
E eu vou atrás, cego de sonhos,
perguntando aos quatro ventos:
“Quando amanheces, Portugal”?
11.Jan.21
Martins Júnior
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