domingo, 31 de janeiro de 2021

QUEM NOS AJUDA A PASSAR A(s) PONTE(s)?...

                                                                              


Onde há muros há pontes. Porque não há pontes sem muros. Eles são os pilares, são as guardas e os guias atentos para quem tem de atravessá-las em segurança.

Entre Janeiro “velho” e um Fevereiro “novo”,  precisamos de um guia que nos ajude a transpor sem medo essa estreita e movediça passagem. E não só essa, mas todas as outras, porque a vida outra coisa não é senão ganhar ânimo para ultrapassar quantos arcos se nos deparam no percurso.

Líderes, guias, seguranças – eis o que o mundo procura e tão raro encontra. Eu achei-o, ao aproximar-me da Fonte – o LIVRO – como é propósito meu em cada fim-de-semana. Achei-o, em primeira abordagem, no Deuteronómio (um dos cinco livros do Pentateuco, atribuído a Moisés), remetendo o leitor para a sua melhor interpretação, onde se conta que  para evitar que o povo morresse de pavor, como no Monte Sinai, quando Iahweh falou no alto  da montanha em chamas e a toda terra a tremer, foi passado o testemunho ao profeta, com este solene e drástico pré-aviso (Deut. 18, 15-20) :

‘Porei as minhas palavras na sua boca e ele dirá ao povo só aquilo que Eu lhe ordenar. Contudo, se o profeta ousar proferir alguma palavra em Meu nome, que Eu lhe não tenha mandado falar, esse profeta será réu de morte’.

Tremendo paradoxo! O povo liberta-se do medo terrífico do Monte Sinai, mas o procurador de Iahweh, o Seu mensageiro exercerá a liderança mantendo-se fiel à matriz original, sob a ameaça de pena capital!...

Só pode ser líder e guia nas periclitantes passagens de nível da vida quem mantiver a lucidez no olhar e a corajosa frontalidade de remover os obstáculos adversos. Sem tibieza, sem híbridos subterfúgios diante dos poderosos. Como Moisés frente ao Faraó. Como Pedro e Paulo perante o Sinédrio. Como Jeanne d’Arc no tribunal dos bispos inquisidores. Como Luther King e Mandela. Como tantos heróis desconhecidos na turva noite dos ditadores.

E a Igreja?... As Igrejas?... Pesado, inexorável Tribunal da Consciência!... Quantas vezes os auto-proclamados procuradores do Além falaram, decretaram, impuseram normas e pesadelos aos ombros dos crentes, como se fossem preceitos divinos, quando não passavam de grosseiros interesses classistas, requintados privilégios mundanos, cedências sacrílegas no altar dos poderosos, dos exploradores, príncipes do capital e do obscurantismo!!!

Protótipo perfeccionista, ao mais alto nível, de líder e libertador do ser humano, traz-nos também o LIVRO neste fim-de-semana:

‘Que nova forma de ensinar! – diziam, extasiados, os judeus ao ouvir o Nazareno na sinagoga de Jesrusalém – E que autoridade nas suas palavras. Tão diferente dos nossos doutores da Lei’. (Mc.1,21-28).

Com que  “Autoridade”!

A condição incontornável do líder é dirigir com “Autoridade”. Coloco entre comas, porque Autoridade não é, como usualmente se diz, não é sinónimo de Poder. Há uma diferença abissal entre Potestas e Auctoritas. Potestade-Poder  apoia-se nas armas, na força, na tortura, no dinheiro. E com esta armadura produz a guerra, o medo. A “Autoridade” é algo intrínseco à liderança, ao espírito com que se dirige, ao humanismo inerente a cada palavra e a cada decisão. E aí nasce a paz, floresce a liberdade. De entre as muitas aproximações deste ideal programático, cito a mensagem de Joe Biden, na tomada de posse, em 20 de Janeiro p.p.: ‘A América deverá afirmar-se no mundo não pelo exemplo de força mas pela Força do Exemplo’!

Excelente paradigma comportamental em tempos de pandemia!

Para isso e só com isso se consegue realizar a optimização das relações sociais, expressa na assimilação dos dois polos opostos: governantes e governados. Grau máximo na cotação da liderança mundial seria quando os actuais responsáveis das nações não precisassem de ser autoritários para exercer a verdadeira “Autoridade” diante do seu povo. Mas aqui é o povo quem subecreve e confirma a “Autoridade”. Sem ele, campeia o autoritarismo inútil.

Antes de chegar à outra margem – Fevereiro à vista – quero erguer o monumento da gratidão global a esse enorme, gigante da verdadeira “Autoridade” que produz a educação cívica da Humanidade: João Bosco, o pedagogo, o Santo, o condutor da juventude, sobretudo nesta ilha, onde chegou a sua inspiração, com a fundação da Escola Salesiana. Também por ele, no seu dia, é grande e memorável o 31 de Janeiro!

  

     31.Jan-01.Fev.21

         Martins Júnior

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