Nunca
foi cronologicamente tão inoportuna, objectivamente tão desadequada e
qualitativamente tão deprimente uma fasquia como esta que, todos os anos,
empresas parceiras dos mesmo interesses expõem no estendal das folhas diárias
para gáudio de uns (os privilegiados) e escárnio de outros (a maioria).
Os advérbios modais que acabo de
enunciar estão bem à vista: perante um ano escolar atípico, como 2019/2020,
marcado pelo depauperamento insuperável da arte de ensinar e aprender, em
virtude das condições anómalas impostas pela pandemia, qualquer campeonato
académico seria, no mínimo, inoportuno. Consequentemente, o objecto da causa –
resultados finais – sairiam desadequados, para não dizer, falseados. Em termos
de produção efectiva e justeza de apreciação (falo da profundidade de análise e
não das ‘caravelas portuguesas’ à tona de água) a tabela classificativa não
poderia ter saído tão deformada e tão fútil.
É a Educação vendida a metro. É a
função do lucro marginal em pleno campo da economia do mercado escolar. Nem me
demoro na dissecação crítica que docentes
e sociólogos já fizeram e que se sintetiza na veleidade (direi mesmo,
desonestidade) de comparar o incomparável, como seja a dicotomia
privado-público, com a mais que escandalosa geometria variada que lhe está
subjacente. Apenas limito-me a
transcrever a análise de um director de escola, relativamente bem posicionada:
“Nesta escola, primeiro debruçamo-nos
sobre os condicionamentos económicos do aluno, depois pesamos os factores
sociais que o determinam e, só depois disso, enfrentamos o seu processamento
académico”. Melhor ninguém diria! Focalizada sob a tríplice objectiva deste campo
laboratorial, a Educação nunca será suficientemente revelada, nem sequer valorativamente
apreciada, se tais parâmetros forem obliterados ou, pior, deliberadamente
escamoteados.
Dois items, porém, pretendo destacar: Enquanto em determinadas escolas
de elite se arregimentam os futuros presidenciáveis, os ministeriáveis, os
neo-banqueiros, noutras verga-se a cerviz dos cidadãos de amanhã para servirem
de escabelo e tapete aos privilegiados. Por outro lado, não entendo por que legítimas
razões tem o governo obrigação de subsidiar os colégios particulares, onde nada
falta, em prejuízo de tantas escolas públicas onde tudo ou quase tudo
escasseia.
Passo ainda mais importante a
considerar nestas fasquias oficiais é saber distinguir o que pretende a Escola:
fabricar robôs ou formar homens e mulheres para a futura freguesia, para a
futura cidade, para o futuro país?!
E aqui reside o núcleo essencial da
avaliação dos programas educativos, nos quais avulta a prestigiante figura do
Docente. Por isso, expresso a minha mais elevada consideração por milhares de
professores que cumprem conscientemente os princípios constitutivos do seu
mandato: EDUCAR!
Do
étimo e-ducere, isto é,
conduzir/construir, partindo de uma margem estreita para o largo rio da vida –
louvo o esforço dos construtores do amanhã que, em inúmeros casos, erguem do chão ingrato da
sociedade crianças e jovens para fazer deles gente válida, Povo gigante, seja qual
o seu lugar nos quadrantes sociais. E destes não vão falar os empolados ranking’s.
Serão
os vencidos nas tabelas classificativas feitas, como as sondagens, ao gosto dos
patronos. Mas, na verdadeira Contabilidade Nacional ou Regional, serão os
lídimos Vencedores deste campeonato !!!
21.Mai21
Martins
Júnior
É muito bom sentir que não estamos sós nestas e em outras questões que se colocam à Educação. Obrigado.
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