quarta-feira, 5 de agosto de 2020

CHUVA DE VERÃO: “Primeiro de Agosto, Primeiro de Inverno”


     Postais de Verão  2

Leve e breve bateu à janela 
Mas não entrou
Eram tranças de linho fino
E fios de harpa
Suspensos  da sidérea escarpa
Com sede da terra

Sopro de sol novo
Trouxe-a pela vidraça
E pousou ternura e graça
Na palma da minha escrita

“Estranha intrusa
Fora de horas  chego agora
Prematuro  inverno que abusa
Desta mansão que é tua
E onde só a beleza mora

Mas também sou o espelho e o temão:
Sem o bater do vento frio
Não saberás nunca o fogo da paixão
Nem será pleno o sol do estio

Sem a minha líquida canção
Nunca aprenderás o refrão do teu verão”
……………..
Abriram-se  as  janelas do meu quarto
O perfume quente  quase sensual
Soltou-se do húmus perto
Encheu de alecrim e alfazema o meu portal

Enquanto uma matava a fome de terra que trazia
E outra a sede de água que caía
Ressoava nas encostas do  vale
A Ode Planetária
Do Paraíso Terreal

05.Ago.20
Martins Júnior

Sem comentários:

Enviar um comentário