(Postais de Verão 1)
A primeira espuma de agosto
Subiu sem dor nem chama
E varreu todo o orgulho de julho
Que ficara escrito na areia
Dias e noites de alma cheia
Facho inteiro que ainda fumega
Trinta tochas e mais uma
E tudo arrasado por quem chega
Nos dedos frágeis dessa espuma
Chão de ouro e luto, de guerra e paz
que o mar leva e traz
E traz e leva
E torna a trazer
Onde me deito e quero adormecer
Um dia serei grão batido rebatido
esmagado
Na preia-mar
Que me há-de levar
Aos secretos antros do mar fundo
E vós areias do meu sono
Que em vossos braços me levareis
Dançai a repetida dança verão-outono
Na valsa das marés
Chegar e partir, partir e chegar
E tornar a partir
Mas a mim
Deixai-me ficar
Entre búzios algas e anémonas do mar
Voltai vós, remai à terra
Eu é que já não quero voltar
01.Ago.20
Martins Júnior
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