Mais
uma semana que se juntou à anterior. Na Semana Europeia dedicada à Pobreza,
suas causas e consequências, acompanhei de perto as iniciativas sob a égide da
Rede Europeia Anti-Pobreza, com particular atenção às intervenções do seu
presidente, Monsenhor Agostinho Cesário Jardim Moreira, sobretudo no que
concerne ao longo percurso geracional para erradicar uma só família desse
degradado fosso em que caiu.
E,
no mesmo meio comunicacional em que escrevo, terminei os meus considerandos com
duas constatações pesadas mas tremendamente concretas, públicas e notórias e, a
vários níveis, perturbadoras. A primeira
é a de que nenhum pobre sai da pobreza enquanto estiver passivamente à espera
das migalhas que sobram da caridade dos seus exploradores, os magnatas. A
segunda, pior, execrável, é a de quando são os pobres a assinar, pelas próprias
mãos, a inexorável sentença de ”miseráveis
para sempre”. Assinam o documentam e alegremente entregam-no aos seus próprios
carrascos.
É
o que mais uma vez se comprova na actual conjuntura das eleições presidenciais
da grande Nação Americana. Abstraindo-me da torrente vociferante e peçonhenta
do candidato republicano, fixo a minha análise naquilo que enunciei no
parágrafo anterior: O maior apoio, o mais maciço, a favor de Trump, provém das
classes camponesas, desinformadas, das periferias suburbanas e aldeãs, a que se
juntam as religiões, sobretudo as evangélicas. Ao passo que a população urbana, informada e civilizada,
de pensamento aberto e livre, posiciona-se ao lado de Kamela Harris. No primeiro
caso, é o assalto à pobreza bicéfala - a
material e a cultural - ao serviço do grande capital, personificado em Trump,
maquiavélico, capaz de moer milhares de pobres para fazer um rico, ele mesmo! É
o vale tudo. E aí vem o cúmulo da prova: o super-milionário Elon MusK oferece
um milhão de dólares por dia ao feliz contemplado que assinar o documento que
ele propõe. E os pobres subscritores não vêem ou não sabem o velho ditado: “oferecer
um chouriço para depois exigir um porco”. É a degradação do voto e a humilhação
do votante.
Quanto
à imigração - a bomba nuclear trumpista, que tem vilipendiado e escarnecido à
exaustão os imigrantes radicados nos
Estados Unidos – fica o mundo estarrecido ao ouvir as respostas da maior parte
desses imigrantes aos jornalistas : “Vamos votar Trump”. Diabolizados e
agradecidos! Só na barbárie do Império Romano, em que os pobres condenados às
feras desfilavam diante do Imperador, obrigados a dizer: “Morituri te salutant”
- Os que vão morrer saúdam-te!
E
que diremos nós ao tomarmos conhecimento da última notícia difundida pela
comunicação social americana: o mais desenfreado apoiante trumpista, Elon Musk,
“entrou ilegalmente nos Estados Unidos”. Foi, portanto, um imigrante ilegal. Fosse
Trump o presidente, ele nem punha os pés em solo americano. A imundície de carácter
de que é capaz um ser humano! E de que são capazes todos os acéfalos que vão
atrás do cheque/milhões que ele sorteia todos os dias antes do 5 de Novembro!
Daqui
de longe, faço um único voto:
Que
o americano do século XXI dê ao mundo a imagem da sua verdadeira identidade,
Democracia, Multiculturalismo, Ambição Maior, a de não correr mais atrás de um
fardo de palha, dourado por fora, mas cheio de chumbo, cinismo e corrupção por
dentro.
Por
outras palavras:
Que
o americano do século XXI apague o viscoso cartaz com que, no século XX, um
escritor de renome titulou o seu livro: “América, Um País de Carneiros”!
Que
seja um Natal Global o 5 de Novembro de 2024 !!!
21-31.Out.24
Martins Júnior