quarta-feira, 29 de setembro de 2021

POR QUE VOTAS? ……………………............................... POR QUEM VOTAS?....................................................

                                                                          


    São para os directórios partidários as análises, os contornos e as consequências dos actos eleitorais. E nisso andarão bem se tiverem a coragem (para os perdedores) e a sensatez (para os ganhadores) de pegarem pelas raízes os resultados das urnas, pendam eles para onde penderem.

         Limito-me neste breve observatório à visão concreta, direi telúrica e genuína, que terá levado alguém a deixar a sua casa, o seu passeio, o seu cómodo para traçar aquela cruzinha mágica num papel colorido que lhe cai nas mãos. Justamente por isso, porque a cruzinha tanto se assemelha a um sinal de trânsito, a um GPS, como nalguns casos a uma arma para derrubar tronos e erguer mausoléus! Sinal de trânsito ou GPS decisivos para a livre circulação de uma sociedade inteira. Como partilhante dessa mesma sociedade não posso ficar indiferente, muito menos inerte ao fenómeno pós-eleitoral.

         Eis-me, pois, aqui para perscrutar as poderosas motivações (cada eleitor tem o seu poder autónomo) das votações. E, como já tudo passou, o tempo indicativo presente – ‘Por que votas… Por quem votas? – transforma-se no pretérito passado: “Por que votaste?... Por quem votaste?”.

         O assunto daria trama para um ‘fac-símile’ dos Diálogos de Platão ou os Apólogos Dialogais  e Relógios Falantes de D. Francisco Manuel de Melo, ou qualquer outro discurso directo entre votantes. Certo, mas tudo quanto dissessem os personagens em cena sintetizar-se-ia em dois polos distintos, duas motivações opostas, dois vectores conflituantes, que passo a identificar:

         De um lado, o votante comum (comum porque ele pertence a todas as classes sociais) ou cidadão-caracol da couve fechada, que só vê o seu mini-espaço e faz dele o epicentro do mundo: o seu chão, o seu beco, o seu tubo de água, o terreiro do seu casebre. E o seu voto, aquele GPS social que atinge toda a comunidade,, não tem mais tamanho que a torneira, o terreiro, a vereda estreita. E é só por isso, que se desloca à assembleia de voto.

Do outro lado, o cidadão do mundo (seja a cidade, o município, a aldeia) aquele cujo voto tem a dimensão de um enorme periscópio e que lhe faz ver o todo da cidade, do município, da aldeia, a tal visão holística que tanta falta faz aos programadores sócio-paisagísticos.

Enquanto para o primeiro conta apenas a visão egoísta, oportunista, auto-utilitária do voto, para o segundo outros valores mais largos e mais altos se levantam, torna-se altruísta, expansivo e generoso. Para o primeiro, o cidadão-caracol, “não votei no partido X, porque não me acrescentaram o beco ou a vereda. Eram só dois metros”. Para o segundo, “não me deram nada, mas votei nele, porque o presidente deu prioridade a um problema que era de todos nós”.

Enquanto continuar a medrar no terro das nossas sociedades o joio da raça-cidadão caracol, teremos sempre titulares medíocres, egoístas, oportunistas a dirigir o povo, sabendo-se que ‘um fraco rei faz fraca a forte gente’, já vaticinara Luis Vaz de Camões, desde há quinhentos anos.  

O calculista votante-caracol das chamadas ‘élites’ quer mais, muito mais: o emprego ‘pró-menino e prá-menina’, o apoio e a benesse para a firma, o cheque-em-branco polivalente nas horas. Quanta podridão me enoja em certas maiorias esmagadoras!!!

   Parafraseando o velho ditado, ajuntarei:

Diz-me por que votas e eu dir-te-ei quem és”!

           

29.Set.21

         Martins Júnior

segunda-feira, 27 de setembro de 2021

PARADOXOS DA RESSACA

                                                                                  


A quem hei-de comparar aquelas duas mãos trémulas sobre um vulcão, impropriamente chamado ‘urna’,  vestida de negro?... E a que distância ficam uns dos outros, os parabéns, os choros, os traumas, os palanques, os esconderijos, as ambições e os trampolins que sobre a caixa negra se acobertam na ressaca das eleições – chamemos-lhe quarta-feira de cinzas de uma terça-feira de carnaval?!...

Enquanto os avaros contadores de boletins de voto apertam e salivam papéis com o mesmo afã como se fossem cheques bancários ou créditos  bitcoin, prefiro olhar o frenesi comum às incontáveis reações ao histórico (todos lhe dizem histórico, único, decisivo) domingo eleitoral. Aproximo-me da tenda-pipa do velho Diógenes e peço~lhe a chama do seu olhar pontiagudo para penetrar em dois patamares situados nos antípodas um do outro. E faço-o como quem procura serenar os ânimos atribulados da derrota ou refrear os estertores cavalares da vitória.

Olho, primeiro, a remota povoação de um genuíno “Curral de Moinas” e nele revejo todos os demais que se espalham por esse mundo fora. Lá estão derrubados a um canto os vencidos, o candidato ao bairro, ao beco, à sarjeta. Parece que o vulcão de ‘La Palma’ lhes caíu em cima. E agora, como vai ser isto?... Contam as espingardas, roem as unhas, queimam as pestanas sem sono, ‘eles hão-de pagar-mas’ – tudo somado, o planeta desabou.

Mas no mesmo dia, na velha Germânia e talvez na mesma hora, o SPD, a CDU, os VERDES, não têm pressa de formar governo. Com a fleuma que lhes corre nas veias, conhecem o peso que têm aos ombros, as exigências de uma economia alemã na esfera europeia, os delicados problemas diplomáticos com a Rússia, os Estados Unidos, a China. No entanto, apesar de terem o mundo no seu encalce, mantêm a serenidade, aparentemente impassível, perante os dilemas que os esperam.

Enquanto isso, em ‘Curral de Moinas’ discute-se a vereda, o poio, o tubo da varanda, o tacho pedido e agora perdido, a cunha ao presidente, a lâmpada fundida , questões ‘prementes’ que muitas vezes acabam em vias de facto e, contadas as ‘facadas nas costas’, as traições, os fura-votos, seguem~se perigosas guerras intestinas.   

 Bem sei que são os administradores das fábricas partidárias, com a habitual ganância empresarial, os autores incendiários das rixas e traumas em todos os “Currais de Moinas”, inclusive os directórios instalados que fomentam neuroses desmioladas até nas próprias cúpulas e são os mesmos que provocam depressões nos mais frágeis da população,

Ai, quantas emoções, negaças e ameaças, golpes baixos, mentiras e ilusões, promessas de compra e venda de consciência têm corrido nos subterrâneos das mesa de voto, ainda mesmo antes que o eleitor comum tenha lá chegado!...

Desdramatizemos essa passagem de nível - a votação – porque ela é feita para alcançar dias e rumos mais saudáveis e não para atirar pedras, cinzas e lavas na paisagem que é nossa. E também porque atrás de uma vem outra passagem de nível para inverter a meteorologia política em que deambulam sociedades e cidadão. “Há mar e mar...Há ir e voltar”!

 

27.Set.21

Martins Júnior

sábado, 25 de setembro de 2021

FÉ OU REVOLUÇÃO ?

                                                                           


É o LIVRO a minha praia de fim-de-semana. E maior é o meu prazer – quando não a minha enorme perturbação! – surfar sobre a onda gigante que do LIVRO corre.

Hoje, porém, picou-me sobremaneira um texto de Tiago Menor, que se- rá  lido em todo o mundo crente. Pela sua frontalidade e transparência, aí fica a mensagem, sem quaisquer comentários adicionais.

“Agora vós, ricos, chorai e lamentai-vos por causa das desgraças que sobrevirão contra vós.

As vossas vestes sumptuosas estão carcomidas pela traça.

O vosso ouro e a vossa prata cairão pelo efeito da ferrugem

Entendam:

Tudo isto acontece porque vós não pagais o justo salário aos trabalhadores que ceifaram os vossos campos-.

Mas os protestos dos ceifeiros chegaram até aos ouvidos do  Senhor Deus do Universo”.  (Tiago, capítulo V).

 

25.Set.21

Martins Júnior

quinta-feira, 23 de setembro de 2021

FOSSE EU FUNCHALENSE … E NÃO DEIXARIA QUE O OURO FOSSE PARAR ÀS MÃOS DE UM “BAN…QUEIRO” CALADO

                                                   


           Olho a ilha que, de todas, leva a Palma no arquipélago das Canárias

pela vegetação, clima e elegância natural – a mais parecida com a Madeira

– e fico apavorado com a lava vermelha afogando furiosa o verde de uma

paisagem paradisíaca. Estava ali, calado, assolapado, um vulcão justiceiro,

semeador de cinzas imprevisíveis.

Não é assim tão diversa da fenomenologia geológica a paisagem

sócio-política das sociedades, mui acentuadamente nas pequenas

comunidades ilhoas. É preciso detectá-los, a tempo, esses focos

desestabilizadores que, iguais aos eucaliptos devoradores, escavacam tudo

à sua volta. Esquecê-los ou assobiar inconscientemente para a pacatez

envernizada da sua tez pode custar caro.

Foi o semanário Expresso que sinalizou uma das muitas réplicas que

na pacata Madeira se têm repetido, com epicentro na dupla da Quinta Vigia

Albuquerque-Calado. Vale 9 milhões de euros, acrescidos de juros

vencidos e vincendos – o somatório de prejuízos causados às Câmaras

Municipais pelo “banqueiro do governo regional”, com a conivência ou a

mando do inquilino da Quinta. O caso – quase inexistente nos decanos da

nossa comunicação escrita – é de bradar até aos abismos e conta-se em três

ou quatro parágrafos:

 

1. Desde 2010, o governo retém nos cofres da Quinta os 9

milhões que deve entregar aos Municípios, verba resultante

dos 7,5% do IRS que a lei atribui aos executivos municipais.

2. Por reclamação das Câmaras, o Tribunal Administrativo do

Funchal sentenciou que fosse devolvida aos Municípios a

referida verba de 9 milhões de euros.

3. O secretário das finanças, qual banqueiro agiota, faz orelhas

de mercador e não entrega aquilo que lhe não pertence,

configurando um crime de desobediência qualificada.

4. Manobra falaciosa, cinzenta e avara: “vou recorrer para um

tribunal superior”.

 

Moralidade desta trama sem moral de espécie alguma: o “amor” que ele

tem ao poder autárquico!... Quem deveria entregar os 9 milhões, antes

mesmo que o poder judicial o obrigasse… e, depois de condenado, ainda

tem o requinte maquiavélico de esconder o dinheiro atrás de um biombo de

recurso. Desrespeito supremo pelo poder local, um comportamento que

deveria torná-lo, ética e politicamente, inelegível em todo o processo

autárquico!

Falo daquilo que ainda me dói, volvidas mais de duas décadas, sendo eu

presidente do concelho de Machico. E foi por isso que deixei hoje o meu

recanto de silêncio, porque a consciência cívica assim mo ditou.

É que eu passei pelo mesmo cabo tormentoso da ditadura financeira

imposta pela Quinta Vigia quando, faltando oito meses para novas eleições,

completei todo o processo de uma estrada construída ao abrigo de um

contrato-programa. Juntei o pouco dinheiro que havia, pedi aos

fornecedores que esperassem um pouco e paguei na totalidade ao

empreiteiro construtor da obra, aguardando que, nos termos da lei, o

 

governo regional me ressarcisse do investimento feito. Passaram-se dias,

meses e, por mais que reclamasse, nada me foi restituído. Só com a nova

presidência na Câmara, saída das eleições, é que foi entregue o dinheiro.

Então é que percebi a manobra ignóbil do então secretário das finanças:

aguardava ele que o PS perdesse a luta eleitoral e fosse o dinheiro parar às

mãos de um presidente PPD. Mas enganou-se. Machico votou, de novo,

PS.

Volvidas mais de duas décadas, o PPD/PSD reeditou o passado rasca da

sua tacanhez política. O ex-secretário das finanças e actual candidato, qual

vulcãozito adormecido, está ansioso e febril para ser ele próprio a receber

os milhões que pertencem à administração de Miguel Gouveia. Atávica

sordidez laranja: a infracção a beneficiar o infractor!

O que sugiro aos funchalenses é que façam o que fez Machico, isto é, que

quem vai à lã, matreiro e calado, dela saia tosquiado.

Se eu fosse funchalense não deixaria que o carcomido eucalipto da Quinta

tentasse secar tudo à sua volta, com a velha cábula: um só partido, uma só

farda, uma só autarquia na Madeira!

Fosse eu funchalense e o ouro não iria parar às mãos de um qualquer

“ban…queiro” agiota açambarcador!


23.Set,21

Martins Júnior

terça-feira, 21 de setembro de 2021

CONTRASTES DA SEMANA: AMOR EM TEMPO DE GUERRA E PAZ NA ARENA DAS CAMPANHAS

                                                                               


Em apenas três patamares – qual deles o maior – batem-nos a porta e invadem-nos a casa toda os estafetas da inquietação perante o labirinto de contrastes que é o planeta que habitamos, seja na macrocefalia das grandes potências, seja nos estreitos caminhos da nossa aldeia. Trago-os hoje, em formato mini,  como pontos de partida para análise do ‘aqui e agora’ da nossa história comum.

Primeiro – A Assembleia Geral das Nações Unidas, onde dois portugueses, António Guterres e Marcelo Rebelo de Sousa,  juraram solenemente o primado da Unidade para garantir a segurança entre países em todo o mundo. Por seu lado, Joe Biden asseverou que jamais repetiria o fantasma da Guerra Fria. E, paradoxalmente, no mesmo areópago mundial, as provocações climático-sanitárias de Bolsonaro e os rancores abafados de um Erdogan face ao êxodo afegão. Que trama de “Amor em Tempo de Cólera” escreveria hoje Gabriel Garcia Marques?

Segundo – A Campanha Eleitoral que ora decorre, com arremetidas de mau gosto e pior senso, com “facadas nas costas”, calúnias e insultos de toda a espécie, somadas aos esqueletos eriçados que saem do velho armário da tribo para fazer ridiculamente  prova de uma vida, que já não têm. Como falar de Paz na arena onde se defrontam setas desvairadas, promessas desbragadas e requintados vapores de vingança chinesa dentro da mesma casa política onde moram os próprios correligionários?!

Terceiro – A cereja em cima do bolo do centenário natalício de António Aragão traz ao de cima e em alto relevo a personalidade contestatária do genial madeirense, anti-sistema e antifascista.. Embora avesso a estas encomiásticas manifestações, como bem afirmou Nélson Viríssimo, o seu legado impõe-se de forma imorredoira na historiografia insular e nacional, até estrangeira. No entanto, foi o escritor  Rui Zink  quem formulou e glosou este contraste, perguntando com espanto e ironia: “António Aragão na semana das eleições?”.

Sejam quais forem as pelejas, as raivas e lavas à nossa volta, será sempre possível lutar sem ódio e amar sem guerra! Depende de cada um e de todos nós!

 

  21.Set.21

Martins Júnior     

 

 

domingo, 19 de setembro de 2021

QUEM METEU A BÍBLIA NA CAMPANHA ELEITORAL ???

 

          “Qualquer semelhança é pura coincidência” – é o que costuma dizer-se de acontecimentos ou circunstâncias que apresentam afinidades, sem que nada tenham em comum. Mas hoje  (direi mesmo, durante toda a semana) o caso muda de figura: estamos perante duas realidades ou dois episódios que nos interpelam no mesmo tom agressivo, embora em partituras diferentes.

         Refiro-me aos textos que o LIVRO – sempre a minha inseparável estação hebdomadária -  nos oferece neste início de semana. E, em paralelo, a agitação palavrosa das campanhas eleitorais. Há uma estreita consonância entre os dois, por mais estranho que pareça! Ambos confluem no mesmo leito, como os meandros de um rio se fundem na mesma corrente. Daí  a questão introdutória, que me proponho decifrar: “Quem meteu a Bíblia na campanha eleitoral?”

1.     A democracia restituiu ao Povo a soberania. Todos se acham herdeiros e administradores da sua porção democrática, para cuja posse canalizam esforços, investimentos, finanças, altifalantes, palcos, redes sociais  (e muitas ‘suciais’). Que pretendem? O poder, ou seja, entrar na galeria dos poderosos. Com que armas? As melhores, as piores, as directas e as clandestinas, os insultos, as calúnias e, nalguns casos, a liquidação do adversário, arqui-inimigo. Abramos o Livro da Sabedoria, capítulo II: Armemos ciladas ao justo, destruamos o pobre que é, claramente, coisa inútil, vamos apertá-los com ultrajes e torturas, até liquidá-los de vez, humilhando-os de morte vergonhosa. A nossa lei é a força”.  Nesta refrega, dita democrática, estarão os candidatos ao poder vacinados contra a prepotência do mais forte sobre o mais fraco?  Será o seu culto a razão da força ou a força da razão?!

2.     A volúpia do poder cega os ânimos. Os interesses classistas – e quase sempre a sofreguidão egoísta mesclada de salpicadas benesses para o povo - não conhecem fronteiras nem têm linhas vermelha. É a sentença maquiavélica de que “os fins justificam os meios”.  Leiamos, então, a Carta de Tiago, capítulo III: “Essa estratégia e essa sabedoria não vêm do alto, são terrenas, animalescas, demoníacas. Cobiçais e não alcançais, por isso vos vingais e matais. A justiça é só  fruto da paz”.

3.     Para aqueles que comem o seu e o alheio, os que tudo querem açambarcar, aos quais não há mando que os farte, que andam como saltimbancos a saltar de um trapézio para outro, doentes incuráveis do poder total, do partido único, do lugar cimeiro entre todos os primeiros, só lhes resta o estupefaciente de Marcos, capítulo IX:

Entre vós, quem pretende ser o primeiro, seja o último e o servo de todos”.

     Sendo muitas as variantes da ânsia do poder (mais que as do covid/19) todas se encontram, para desencontrar-se, neste tríptico vicioso em redor da urna de voto. Por isso, deixo ao livre curso da vossa iniciativa a análise desses espécimes que tanto se podem circunscrever ao meio restrito que habitamos como se alargam às mais altas esferas de comando regional, nacional, mundial.

     Foi pura coincidência da Liturgia a colocação dos textos citados neste Domingo, mas as semelhanças entre as realidades descritas são verosímeis e pesadas, porque atingem a muge do problema, qual seja o da preparação propedêutica para exercer o poder. Nesse esforço de verdadeiro tirocínio global entra a pedagogia da sensibilidade, da mundividência serena e corajosa, da visibilidade sócio-cultural, económica e até espiritual das comunidades, cujo temão  todos os candidatos pretendem  alcançar.

Em jeito de conclusão, à pergunta “Quem meteu a Bíblia na campanha eleitoral?”,  aponho, com mais vigor e pertinência, estoutra questão: “Quantos candidatos estarão dispostos a seguir o Manual de Pedagogia Política que neste Domingo lhes ofereceu o LIVRO?”.

 

19.Set.21

Martins Júnior

 


sexta-feira, 17 de setembro de 2021

VOTO DE LOUVOR

                                                              


       TODO O MUNDO CANTA OS JOVENS

         TODO O MUNDO CANTA OS JOVENS

         SÃO UM CARTAZ MUNDIAL…

         MAS FALTA QUEM QUEIRA VER

         MAS FALTA QUEM QUEIRA VER

         SE VÃO BEM OU SE VÃO MAL

 

       Assim começa a saga coreográfica da “JUVENTUDE XXI” no palco aberto que deu vida ao Segundo Domingo de Setembro, dia dedicado à Festa do Amparo e véspera da abertura do Novo Ano Escolar.

       Na dança, música e letra originais perpassa o privilégio de ser jovem e, com ele contracenando, o drama do futuro perante o mar de dificuldades que se lhe deparam no mundo incerto e vasto. Por isso, unidos e decididos, ergueram o facho da aventura para alumiar os caminhos do amanhã:

                                                 


                           LADO A LADO, FIZEMOS A FOGUEIRA

                          LUME NOVO É O REFRÃO DESTE CANTAR

                          LUTAREMOS CANTAMOS A VIDA INTEIRA

                         À CONQUISTA DO NOSSO LUGAR   

 

       Serve esta minha breve mensagem para endereçar um prestimoso VOTO DE LOUVOR  a todos os jovens da Ribeira Seca que construíram denodadamente o monumento da Festa, embora com as restrições impostas pelas actuais circunstâncias, com a qual terminaram umas inesquecíveis “Férias Activas” em prol de toda a comunidade, sobretudo na colaboração prestada aos mais pequeninos.

       Bem hajam!

       Que nunca vos feneça a voz e nunca desfaleça o ânimo para confirmardes no palco da vida - particularmente no itinerário do Novo Ano Escolar – a canção que, em alta voz, cantastes perante todos nós:  

                                                   


                   NÃO HÁ QUEM DETENHA, NÃO HÁ QUEM DESTRUA

                 O SONHO GIGANTE DESTA MOCIDADE

                 A NOSSA ROMAGEM QUANDO SAI À RUA

                TRAZ ESTE PREGÃO DE AMOR E LIBERDADE:

 

                   AGORA É QUE É A HORA DE ABRAÇAR O POVO

                   TRAZEMOS NO PEITO ESTE JEITO DE NOVO

                    EM NÓS ESTA VOZ SERÁ SEMPRE CANTADA

                   VIVA O MUNDO NOVO NA TERRA LAVRADA    

                   DE FORA OU DE DENTRO VENHA TODA A GENTE

                   QUE A NOSSA BANDEIRA É P’RÁ FRENTE !!!

 

17.Set.21

Martins Júnior

quarta-feira, 15 de setembro de 2021

JORGE SAMPAIO: ONTEM, HOJE E SEMPRE EM MACHICO !!!

                                                                               


Enquanto ele começa a rota das cinzas - às quais somos todos candidatos, inelutavelmente eleitos – ficam cada vez mais acesas no coração do mundo as memórias de alguém que «passou a vida fazendo o bem”.

Cantem-lhe os historiadores e panegiristas os grandes feitos, enalteçam-lhe os parlamentares e analistas internacionais a visão universalista do seu olhar sobre Timor, Macau, Síria, Rússia, Afeganistão. Da minha parte, fico-me contemplando as suas mãos debruçadas sobre uma minúscula parcela do planeta, distante dos grandes centros de decisão e, malogradamente, ostracizada pelos poderes mais próximos.

Algo de intensamente histórico-político liga Machico à capital portuguesa. Foi nem 1989. Jorge Sampaio é eleito presidente da Câmara Municipal de Lisboa. Na mesma data, precisamente, em exclusiva coligação com a população do concelho de Machico, foi-me entregue a condução dos destinos municipais, pondo fim ao consulado de 13 anos de governação autárquica subjugada ao regime musculado que, ainda hoje, domina a Região dita Autónoma da Madeira.

Só eu sei – e depois soube-o a população – a degradação e o charco terceiro-mundista em que o PPD deixou o município: sem dinheiro (milhões de dívidas), sem equipamentos (o governo retirou todas as máquinas que tinha em serviço no concelho), sem pessoal técnico (muitos, a maior parte, obedeceram servilmente à cúpula regional e requereram licença sem vencimento) e, o mais escandaloso, as únicas duas viaturas do lixo degradadas, completamente inoperacionais. Enfim, o caos total. Perante a hostilidade mais tacanha da governação regional, apostada em liquidar liminarmente a acção do novo executivo camarário, para quem havia eu de voltar-me?... Para Lisboa, cuja Câmara tinha como líder Jorge Sampaio.

De minimis non curat praetor – lembrei-me do ditado latino da época imperial romana. Por isso, timidamente dirigi-me ao município-capital e aí expus a situação ao presidente que, logo de uma assentada, predispôs-se a mandar reparar na totalidade uma das viaturas nas oficinas da Câmara de Lisboa, o que cumpriu em tempo recorde, completando a oferta com mil contentores para recolha pública do lixo amontoado nas estradas. O “Príncipe dos Municípios Portugueses”, sensível à carência dos mais elementares recursos de uma modesta vila ilhoa, perdida no Atlântico!

                                                                


Não ficou por aí a magnanimidade do seu apoio a Machico e às suas gentes. De idêntica degradação sofria a rede de distribuição domiciliária de água potável, ou pelo desgaste da canalização obsoleta, ou pela inércia dos serviços da anterior gestão, ou ainda pela deficiente estratégia das condutas, o certo é que perdiam-se imensos caudais ao longo do percurso. Mais uma vez, impetrei ao Dr. Jorge Sampaio o seu apoio para matar a sede às nossas populações. E prontamente enviou um quadro técnico superior de supervisão do referido sector da Câmara de Lisboa, que calcorreou veredas, levadas e valados, por onde serpeava a rede de água. Três semanas de trabalho intenso, sem custo algum para Machico. Nessa enorme e inestimável tarefa, acompanhou o referido técnico um jovem voluntário chamado Ricardo Franco, hoje sábio e competente presidente do município de Machico! Colaboração eminentemente premonitória do que iria passar-se anos depois!

Se, na sequência do brocardo latino supra-citado, o grande líder não se ocupa de coisas mínimas, tal não sucedeu com Jorge Sampaio. Do alto do seu pedestal, quer como autarca hegemónico, quer como Presidente da República, auscultou os gemidos e as dores dos mais pequenos, fosse em território continental, fosse em terras mais longínquas das Ilhas portuguesas.

É no manuseio das coisas pequenas e na atenção aos mais rasteiros seres vivos que se manifestam a sensibilidade e a nobreza das grandes almas! Assim foi Jorge Sampaio. Por isso, Machico acompanha-o, com incomensurável gratidão, na sua viagem pela rota das cinzas – as dele, as nossas, as vindouras. E junta-se a Jorge de Sena, no poema que ele tanto amava, emoldurando-o com a transcendência poética e o realismo telúrico de Fernando Pessoa, no seu heterónimo Ricardo Reis:

Para ser grande, sê inteiro,

Sê todo em cada coisa, Põe quanto és

         No mínimo que fazes.

Assim em cada lago a lua toda

         Brilha, porque alta vive.

 

Assim brilha Jorge Sampaio na baía-lago de Machico.

 

15.Set.21

Martins Júnior

 

 

 

segunda-feira, 13 de setembro de 2021

COMO PODERÁ MACHICO ESQUECÊ-LO ?! E COMO PODEREI EU OLVIDÁ-LO ?!

 




    Sem mais palavras, aqui fica a saudação do saudoso Jorge Sampaio exarada pelo seu próprio punho no “Livro de Ouro” da Câmara Municipal de Machico em 5 de Agosto de 1995.


                                               





                                                                   



Momentos inesquecíveis, dignos da nossa maior gratidão e simpatia!

 

         13.Set.21

Martins Júnior