sábado, 27 de novembro de 2021

ENTROPIAS ADVENTÍCIAS… QUAL É A TUA E QUAL É A MINHA?

                                                                                    


Olha que tantas… quantas se juntaram à esquina deste sábado, véspera do Primeiro Domingo do Advento! Parece que o diâmetro da roda dentada rapidamente se inverteu e tudo revolveu no turbilhão de todos os adventos, não apenas o de teor pré-natalício, mas os de todas as variantes, desde  a anunciada até à mais imprevisível.

O que mais nos antolha, incomoda e faz tremer nesta altura é esse bicéfalo advento afro-helénico, por dentro vírus sul-africano e por fora veste grega, um híbrido ómicron, que forçou as muralhas da velha Europa e quer fazer cama no nosso quarto de dormir. Malfadado advento!

Não menos pisados e desafiantes são os adventos migratórios que pairam e afundam no Canal da Mancha, nas fronteiras euro-austrais entre Polónia e Bielorrússia, de tenebrosas ameaças bélicas à beira do berço da Paz que uma Criança veio trazer ao mundo!

Advento de lutas por melhores salários, melhor saúde, melhor educação, a que se aliam fantasmas de retaliações e confinamentos no horizonte! Sem esquecer a entrada em cena – outros adventos –  de fratricidas refregas intra-partidárias, desde Lisboa do Caldas até às cabanas de Viriato em Viseu e no Porto! A torrente adventícia salta os estádios, os estados, as máquinas de fazer e ‘desfazer’ dinheiro!

Olha que novelos de entropias se metem connosco, sem licença nem vacina nem teste, logo numa época e num terreno indefesos!

Enquanto isso, as antífonas com que nós, os crentes no Advento promissor, embalamos Dezembro frio e embrulhamos presentes móveis, essas vão transportando as franjas das messiânicas sinagogas judaicas, implorando ao Sacro Jehovah: “Derramai, Senhor, a Vossa Justiça sobre a terra. Núvens, fazei chover o Justo, fazei brilhar o Sol da Justiça”.

Mas ele não vem nem há chuvas que o deitem cá para baixo. Porque ele não está nas nuvens! Ele, o Justo, o combatente pela Justiça, já está cá. Em cada um de nós. Basta que, para isso, talhemos o nosso Advento.

Daí, a grande questão:

Que advento queremos nós? O do morno charco auto-pandémico, da ‘áurea mediocridade’, sem chama nem brilho? Ou o prenúncio de uma ideia motriz em gestação, um tombo na cómoda moleza em que vegetamos, envoltos nos lençóis do  fino omicron  que nos consome corpo e alma?!

Cada qual terá o Natal igual ao Advento que escolheu, do tamanho da ideia que gerou.

Por isso, com José Mário Branco, ouso interpelar:

“Qual é a tua, ó meu”?

 

27. Nov.21

Martins Júnior  

 

 

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