segunda-feira, 1 de julho de 2019

O ZERO QUE DEVIA TER SIDO INFINITO!


                                                      

Tirem-lhe os zeros. Dêem ao seis uma vulgar cambalhota. Façam-lhe a prova dos noves-fora. E aí têm a soma: Zero, um rotundo Zero, por onde quer que se lhe pegue, de dentro ou de fora, da  esquerda  ou da direita,   do direito ou do avesso.
O bochechudo “600” foi a enorme sala do Forum Machico, onde outros tantos anafados troncos se assentaram, uns para dormir, outros para acordar ao batuque das palmas orquestradas em compasso lento. O Zero foi o chocalho de palavras batidas na parede. Parafraseando a velha canção, para fazer de Machico o que fizeram, melhor fora que ficassem no Funchal.
Aqueles que durante mais de quatro décadas massacraram e defraudaram Machico e o seu Povo apresentaram-se hoje de libré e luvas sujas, sem um pingo de pudor diante dos ofendidos e humilhados, sem que um único pedido de desculpa esboçassem pelas maldades, calúnias  e prejuízos perpetrados contra Machico. Os que manietaram as finanças autárquicas, os que atiraram contra Machico o vergonhoso labéu de “terceiro mundo” (e até de “quarto mundo!) eles, os mesmos estiveram hoje emproados na ‘casa dos seiscentos’, (2X300) tecendo louvores ao bombismo ‘flamista’ que teria destruído pessoas e bens se não fosse a atenta vigilância popular em 1975. Tamanha insolência não deveria ser permitida por quem de direito.
Na gloriosa comemoração do Achamento, Machico nunca deveria ser palco para descaradas campanhas eleitorais, lavagem partidária de roupa suja, despropositado e ridículo aproveitamento de casos do foro eclesiástico, propaganda charlatã de feira política. Neste dia e nesta magna circunstância (irrepetível em 100 anos) não tem lugar o figurino doméstico dos parlamentos regulares. Marcasse o Parlamento outra sessão de esgrima inter-partidos, onde cada qual pudesse livremente argumentar, contrapor ou concordar. Mas hoje não, sobretudo em Machico, terra primeira seiscentista!  Hoje,  “Dia D”  da Redescoberta e da Autonomia!
Outrossim, não é hora de fazer chicana política, de eiró rastejante de calhau em calhau, tentando opor Machico ao Funchal, com o  doentio infantilismo argumentativo de que Machico celebra a data em 2 de Julho e o Funchal (ou a Região) em 1 de Julho. Vem de há mais de  500 anos esta discrepância, desde Azurara, João de Barros, Damião de Gois e outros cronistas e abalizados historiadores. Aliás, Machico não esperou pelo decreto regional para comemorar o Achamento. Já antes do 25 de Abril, aqui foi sempre o “2 de Julho” festejado com o devido enquadramento histórico-cultural.
E se no cômputo global das comemorações a pintura deixada pelos programadores e  seus comparsas ficou manchada com o redondo borrão da propaganda arraialesca, quem como eu seguiu em diferido o evento tem o dever de prestigiar o “bom senso e o bom  gosto”  de duas intervenções que, no alinhamento introdutório, fizeram jus a Machico e às suas gentes, sobretudo na alvorada de Abril/74 na Madeira e na luta pela extinção da colonia em cuja vanguarda  o Povo de Machico  sempre esteve.  
     Manda a verdade histórica reconhecer que, assim como os marinheiros do Senhor Infante abriram a grande epopeia portuguesa a partir da baía de Machico, da mesma forma este Povo (a que tenho a honra e o brio de pertencer) foi o primeiro e mais decidido em implantar na ilha  os horizontes da Revolução dos Cravos e os sonhos  da Autonomia e da verdadeira Liberdade!

01.Jul.19
Martins Júnior  


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