sexta-feira, 5 de julho de 2019

TODO O TEMPO E TODO O MUNDO EM MACHICO!


                                                            

Fosse onde fosse, o que ontem aconteceu em Machico mereceria sempre a subida honra do título: “Todo o Tempo e Todo o Mundo”. Porque é fora de suspeita a realidade factual ali dita e desdobrada perante a magna assembleia de educadores, professores e jovens estudantes ali presentes, envolvidos e abraçados sob o signo em epígrafe.
O brilho da educação e  as suas imensas derivadas apresentaram-se de braço dado com a intuição e a criatividade humanas focalizadas no amplo conceito do “Empreendedorismo”. E o mais impressivo, desconcertante e, ao mesmo tempo, ajustado de tudo foi a dedicatória presente em todo o acontecimento: as crianças em idade escolar. Aliás, foram elas as protagonistas e as destinatárias dos esforços de tantos professores que, ao longo de vários anos, assimilaram a essência da iniciativa e puseram em prática as linhas programáticas do programa. Que bela identidade lhes deram “Brincadoras de Sonhos”.
Ali, ao vivo e pela mão dos seus operacionais assistiu-se à anatomia do ensino, as suas consequências, as suas exigências. Viu-se a educação por dentro, os prós e contras do figurino actual, estático, direi, quase-escolástico, narcísico, talvez autista das escolas tradicionais. Em contraponto, surgiu uma nova face do ensino, de carácter pragmático, caminhando lado-a-lado com a vida, integrando-se nela e com ela fazendo a pareceria perfeita. Neste módulo, o alunos já não é um segregado, fechado numa sala ainda mais segregada, mas um companheiro do saber, contracenando com o conhecimento científico. discutindo com ele e com ele “ganhando competências”, ampliando o espírito crítico através da criatividade inata ou adquirida.
Para nós, adultos, formatados  no apertado escantilhão do ensino dogmático de outrora, custa a entender os dados da “escola nova”, gizada ao ritmo da vida e na ponta de um dedo. É por isso que se torna imperativo incondicional o aproveitamento de todos as componentes e valências da vida em sociedade, incluindo as redes sociais, os ‘tablet’s”, os telemóveis e a sua forma de usá-los. Enfim, um mundo novo, um tempo novo!
Brilhante - e mais que brilhante – substancial e rico foi o elenco de professores intervenientes neste seminário, com obra feita na docência de várias universidades portuguesas e estrangeiras e com trabalhos reproduzidos em livros e revistas da especialidade. Singular, motivadora a exposição do catedrático brasileiro Paulo Eirado Dias Filho. Nota máxima para todos! Não menos cativante foi a narrativa das actividades escolares, a cargo das professoras de estabelecimentos de ensino da Madeira e do Continente (apoiados pelos respectivos municípios ali representados) como num sugestivo filme em que aparecia o talento empreendedor dos alunos. Duas notas dominantes: os programas são direccionados para o futuro das crianças, tornando-as autónomas, auto-confiantes, capazes de superar os obstáculos supervenientes. Concomitante a este propósito,  os prelectores incutiram o verdadeiro conceito do empreendedor, não tanto como empresário de negócios, mas como programador do seu próprio futuro, o seu e o da sociedade envolvente.
Mais um dia pleno: a plenitude da grande família humana que juntou docentes e discentes, crianças e adultos num mesmo sentir, o de construir o futuro. E a plenitude de outros espaços geográficos onde já estão em marcha os  novos paradigmas pedagógicos. Ocorreu-me o pensamento crítico  de Galopim de Carvalho, em recente entrevista, relativamente aos códigos anquilosados da aprendizagem: “Não estamos a educar crianças. Infelizmente estamos apenas a amestrar crianças”.
Parabéns aos dois ilustres madeirenses, Prof. Jacinto Jardim e ao Prof. Eduardo Franco, pelo dinamismo verdadeiramente empreendedor de unir mestres e aprendizes de todo o país nesta inovadora estratégia didáctica. Parabéns à entidade promotora da presente iniciativa, o Município de Machico, na pessoa da Vereadora da Cultura, Mónica Vieira, pela inteligente metodologia com que liderou todo este movimento. Numa altura em que ‘virou’ moda e vício meter tudo ao ‘baralho’ dos “600 anos”, ainda bem que a autarca libertou Machico dessa rede viciada e até ridícula. No entanto, foi incisiva a sua evocação de Tristão e Zargo, para apelar aos “Brincadores de Sonhos”, os jovens e as crianças de hoje, a que se assumam como descobridores e empreendedores de um mundo novo. O seu, o nosso Mundo!

05.Jul.19
Martins Júnior


1 comentário:

  1. Muito obrigado, caro Pe. Martins, pela sua presença no Seminário Internacional de Educação para o Empreendedorismo e Cidadania, bem como pelas suas palavras inspiradoras que expõem bem o que pretendemos com este projeto. Um abraço amigo, com votos de que continue a promover o que há de melhor na alma humana. Jacinto Jardim

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