domingo, 13 de dezembro de 2020

LÍDER – PRECISA-SE !

                                                                     


Em tempo de crise, seja ela qual for, o que mais falta faz é a emergência de alguém que dê o peito às balas, que dispa todo o verniz e toda a pompa, que se atire à fera invasora e abra caminho às soluções libertadoras. Em suma, um Líder.

Ora, na hora em que vivemos, em tudo semelhante à de outras eras distantes, é-nos proposto um exemplar de liderança, protótipo de quem tenha a coragem de acender um facho luminoso, em vez de limitar-se a amaldiçoar as trevas. Precisamente neste fim-de-semana, o Livro (ao qual presto o meu culto hebdomadário) traz-nos a estatura desse a quem chamam “O Precursor”, João, de seu nome, apelidado de O “Baptista”,

É um outro João, o mais jovem militante de entre os Doze, é ele que toma a iniciativa de narrador para nos informar e caracterizar o perfil do líder e pioneiro daquele Mundo Novo que o Nazareno tentaria, mais tarde, implantar lá para os lados do Oriente. Amas, a um Natal segue-se outro Natal, a muitos presépios sucedem-se miríades de estrelinhas coloridas de mil presépios, a uma ‘festa’ alinham-se, perdem-se e outra vez reacendem-se outras ‘festas’. No entanto, quem se lembra da figura imponente, estóica e inquebrável  do primeiro a desbravar a massa bruta, informe, da ignorância reinante e a depressão pandémica do judaísmo palestiniano?... Subalternizada, minimizada e esquecida ou manipulada tem sido sempre a grandeza do “Baptista”.

No elenco dos seus predicados, sobressai o nobre estandarte da Justiça, brilha em contraste meridiano a Humildade e, na ponta da sua lança, agiganta-se o esplendor da Verdade. No seu programa constitucional e no seu plano de acção concreta, basta o tríptico fundamental de toda a sua vida: Justiça, Humildade, Verdade. Foi com estas armas que afrontou  o poder dos soberanos intocáveis de uma sociedade corrupta, que os alimentava, apresentando Aquele que, sendo o maior, vivia no meio do povo, sem que o próprio povo O conhecesse”. (Jo,11-28). E foi, pelos mesmos ideais, que deu a vida  nos patíbulos de Herodes. É a sina escrita no fundo dos abismos e que Reinaldo Ferreira sintetizou nestes termos: “O Herói serve-se morto”.

Figura cimeira da liderança entre os povos, João, “O Baptista”  abre o álbum exemplar e o caminho exacto para todos aqueles que, desde o bairro até ao trono presidencial, propuseram-se (ou foram obrigados) a tomar decisões em prol dos povos, seus constituintes. Nas circunstâncias actuais, quão embaraçoso e, até, suicidário significa o exercício de liderar! Impossível “agradar a gregos e troianos”. Quantos dos  governantes, actualmente (!) esperariam um passeio alegre e agora confrontam-se com um tsunami de convulsões sociais!... Quantos não desejariam voltar atrás?!... Talvez nunca imaginaram que no frontispício do  majestoso palácio por onde garbosamente entraram estava gravada a sentença que o épico italiano, Dante Alighieri, inscreveu nos portões do inferno da “Divina Comédia” :  Lasciate ogni speranza, voi ch’entrate - “Deixai fora toda a esperança, ó vós que entrais,”  deixai todo o orgulho, toda a arrogância!

No fragor e na inconsistência da hora que passa, merecem os líderes a nossa atenção e o nosso apoio, desde que sigam os referenciais que João, “O Baptista”, deixou aos vindouros responsáveis da grei:

1)    Que atirem fora (direi, que vomitem, de vez) a fumaça balofa da vaidade e do ‘eu cá não tenho medo de nada’ e com  Humildade punham os pés no chão frio onde vive o povo.

2)    Que sejam honestos e clarividentes na identificação dos problemas, .na pesquisa de soluções, e que a Verdade seja o foco mais visível na informação e na acção.

3)    Que tenham  sensibilidade  e consciência distributiva na concessão dos apoios disponíveis, que não deixem para trás os mais fracos, os paralíticos sociais e que pela Justiça promovam a fraternidade entre os seus concidadãos.

     

Faz bem – até na pandemia – revisitar o “Precursor” durante este Natal!

 

13.Dez.20

Martins Júnior

 

 

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