sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

CONTRA A NEUROSE GLOBAL – A JUVETERAPIA MUSICAL


                                                                    

        Será este, talvez,  o maior preito de gratidão que posso endereçar ao Concerto comemorativo das Bodas de Prata do Conservatório em Machico. Quando me preparava para identificar a “personalidade neurótica do nosso tempo” (tantas e tão depressivas têm sido as convulsões sociais que ultimamente nos batem à porta) eis que sinto os passos correr para a zona ribeirinha deste vale, onde as mãos mágicas de seis dezenas de crianças e jovens afastam todo o negrume que paira sob o firmamento envolvente de cada dia e de cada noite.
         São os 25 anos de vida da, inicialmente, denominada “Extensão do Conservatório-Escola das Artes da Madeira”  no concelho de Machico.
         Porque o que é Belo, mais que para descrevê-lo, existe para contemplá-lo e assimilá-lo na mais inefável intimidade do ser, aqui deixo e partilho generosamente os eflúvios sonoros saídos dos dedos e da alma dos artistas, escassos de dorso, mas amplos de talento, nesta noite de sonho consciente.
Sem destacar nenhum, porque destacáveis todos serão, direi que ali abriu-se a enciclopédia dos sons, desde os metais, ao arco e à percussão, culminando na grande apoteose que tornou irmãos gémeos os instrumentos e as vozes, naquela osmose esvoaçante que roçou os olhos e ouvidos, até penetrar plenamente o coração dos espectadores, como um banho de inocência e primavera antecipada. Enfim, foi um banho de saúde mental e emocional que, mesmo àqueles que já ultrapassaram décadas, lustros e quase um século, nos transfigurou nas crianças e nos jovens executantes em palco.
Parabéns aos mestres, aos pais, à sociedade que estimula e alimenta o espírito da Arte nos seus mais delicados rebentos, promessas de ouro para os tempos futuros. Parabéns também a tantos outros obreiros que, na silenciosa modéstia dos seu meio ambiente e longe das luzes da ribalta, promovem a  “Divina Arte” no espírito e na raiz do povo chão, quer através da música popular, quer no conhecimento dos grandes clássicos, como Beethoven, Mozart, Bizet.
Todos – mestres, alunos, espectadores – contribuem para o bem-estar social, contrariando e curando a “personalidade neurótica do nosso tempo”, como o definiu Karen Horney.
Bem Haja a Musicoterapia! E Maior e Melhor a JUVETERAPIA!!!
21.Fev.20
         Martins Júnior

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