sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

“CORONAVÍRUS” vs. “HOMOVÍRUS”


                                                         
      

                             Dois barcos. Tão diferentes e tão iguais!
                  
Tão diferentes:  Num deles, a opulência, o lazer e o prazer a rodos. No outro, a miséria, o medo, a morte iminente. No primeiro, o mar é  azul regurgitando  vida e festa. No outro, o mar é pranto de “lágrimas salgadas” e as ondas são lama cavada de cemitério a abrir. .
Tão iguais: ambos estão impedidos de desembarcar os passageiros e tripulantes. No primeiro, são 7.000. No segundo, dezenas, centenas, milhares, somados todos nesta e nas demais traineiras.
Tão iguais e tão diferentes: A mesma Itália recusa o desembarque de um e de outro. Mas são diversas as causas: aquele transporta a  suspeita de uma bactéria letal. Este alberga e esconde a dura realidade de homens, mulheres e crianças foragidas da fome e da guerra. Aquele é o “coronavírus”. Este, uma estirpe rara, suicida, chamemos-lhe o “homovírus”.
Para o primeiro, acciona-se em terra todo um arsenal material e humano (equipamentos sofisticados,, médicos, enfermeiros, psicólogos) e tudo acaba num fim feliz, os 7.000 ocupantes desembarcam radiantes de júbilo. Para o segundo frágil barco, não há ninguém  que o valha, espera-se sadicamente que o mar os engula a todos.
Oh desconcerto do mundo e não menos vergonha da espécie humana! Comovemo-nos, lutamos, extirpamos o “coronavírus”. Ao mortífero, quotidiano “homovírus”, porém, habituamo-nos a viver, comer e dormir com ele!
De que carne ou de que pedra é feito este coração que ainda nos mantém vivos?! É a  degradante e degradada “globalização da indiferença”!
"Há um vento de loucura que varre o mundo" - desabafou, entre angústia e revolta, o Secretário Geral das Nações Unidas, repetindo o velho Talmud.
Quem está disposto a extirpar o “homovírus”?
.      Não o “Homo”, mas o “vírus”!

         07.Fev.20
         Martins Júnior

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