quinta-feira, 17 de setembro de 2020

SEGURA-TE!

                                                                       


Sem pessimismo nem aventureirismo, dou comigo em espectador extra-terrestre a olhar o grande circo em que o mundo se tornou, entalado entre pandemias e pandemónios. Andamos todos a atravessar o periclitante fio de arame sobre aquele misterioso desfiladeiro, cuja distância é a mesma que vai do berço  à sepultura. Muitos cambaleiam e estatelam-se definitivamente. Poucos são os que se seguram e chegam ao fim.

         Não admira, pois, que sejam sem conta as receitas que as farmácias têm de aviar, na sua grande percentagem, os ansiolíticos. Caídos do arame, navegamos como baratas doidas no ‘poço da morte’, rodopiando sem destino entre baforadas sem freio que se entrechocam e nos esfrangalham corpos, neurónios, lazer, sono, saúde física e psíquica.

Na realidade, quem e como  poderá suportar-se esta ameaça galopante de viroses coronadas, mas fatais, no país e no mundo?...  Logo, logo acorrem os mortos (velhos e novos), juntam-se os corruptos (administradores da justiça) mais os do futebol e os banqueiros. Clamam as bocas vítimas do desemprego, arrepiam-nos ranchos de refugiados, as crianças deles e outras, as nossas,  recém-nascidas e abandonadas nos lugares públicos ou nos contentores de lixo. Quem aguenta viver nesta pocilga ‘serena’ e assassina?...Até nas aras de culto, quem suporta as dezenas de milhares apinhadas num santuário, orantes impunes e místicos?... Os mesmos que amaldiçoaram  idênticos  ajuntamentos de diferente conotação, mas  de melhor organização.. E os donos do mundo, às avessas, promotores do genocídio  pandémico, dentro e fora do seu território?!...  E as guerras vaticano-religiosas para derrubar o Chefe Supremo da Cristandade?!... Que mundo é este?!... Quem nos segura?!... Aí andam os suicídios, fantasmas ambulantes em desaforo!

Procure cada qual o seu arrimo, construa o seu bordão de convicções e esperança! Fixemos o nosso ânimo naquele personagem que deambulava alvoroçado na praia por entre as muitas vítimas do naufrágio ocorrido no navio em que viajavam. Todos choravam a perda dos seus haveres Só o homem, sem nada sequer com  que se cobrisse, saltava entusiasmado E bradava “Omnia mecum porto” – Eu trago tudo comigo, eu cá não perdi nada!  

            Era um filósofo, um sábio.  A sua riqueza e a sua força guardava-as

dentro de si. E com elas, as suas armas, enfrentava, seguro, a adversidade. Com elas, as suas convicções, reconstruiria, firme e confiante,  o mundo de amanhã!

         No pandemónio das pandemias sociais, culturais, políticas, económicas em que somos forçados a viver, quem nos segura? Onde te aguentas? Onde me aguento?

         Fica de pé a palavra de ordem - o teu, o nosso talismã:

SEGURA-TE!!!

                 

         17.Set.20

         Martins Júnior

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