quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

O CARNAVAL CONTINUA…

                                                            


                                   E passada a noite inteira

Em rixas e confusões

Só saíu na quarta-feira

A trupe dos foliões

Porque a lei cá na Madeira

É obra de novos  vilões

Decretada a tolerância

Haja entrudo em abundância!

 

 

Quem abriu logo logo

O bacoco trapalhão?

Uma virgem corta-fogo

Que só tem este senão:

Arara do demagogo

Cordeirinha do patrão

Tacão alto esverdeado

 Chanel/prada é o seu calçado

 

Naquele teatro de rua

Vai uma cena macaca

Um santo que andava na lua

Enfim mudou de casaca

Por azar ou falcatrua

Agora entrou na matraca

Que dá milho e dá milhões

No albergue de eleições

 

Neste corso estranho e vário

Há um herói das maçarocas

Aprendeu no oceanário

A nadar com as doces focas

Hoje é plenipotenciário

De todos os mares e docas

Neptuno Imperador

Das ilhas Adamastor

 

 

Mas quem vai num altar-mór

Que até parece o Orago

De toda a ilha em redor?

Oh Milagre de São Tiago

Que sendo  santo menor

Fez a façanha de um mago:

De um sapinho descendente

Pô-lo em alto presidente

 

Lá vão os três pastorinhos

Os três do mesmo tamanho

Cristãos-novos laranjinhos

Conversos judeus de antanho

Chilreiam como melrinhos

Felizes por este ganho:

‘Éramos adversários

Hoje somos secretários’

 

Vão todos cantando e rindo

Passo certo sem falhar

Oh que corso farto e lindo

Era assim com Salazar

E olha quem vai dirigindo

Esta orquestra singular:

Sancho Pança bata branca

 Testada na Zona Franca

 

Enche a praça lés-a-lés

Apupando ‘testa,testa’

E se  vacina só dez

Bufa mil e faz a  festa

Com tanto tiro nos pés

Sobe-lhe a pólvora à testa

E o povo grande poeta:

‘Precisas de uma dieta’

 

Carregado de seringas

E mais água oxigenada

Vai picando de relingas

A multidão chateada

‘Olha lá se nos respingas

Vai daqui uma rajada

Deixa-te de carnaval

Vai tratar do hospital’

 

Quase que se espatifava

O corso monumental

Quando uma voz funda e cava

Estremeceu o Funchal:

‘A coisa tá muito brava

Pára-se com o arraial

Amanhã venham mais cedo.

Ou pensam que tenho medo?!...

 

17.Fev.21

O Mesmo Espectador sem Senso nem Consenso

 

     

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