quarta-feira, 5 de janeiro de 2022

ESTIRPES REAIS: SOMOS TODOS “VÉSPERA E DIA DE REIS”

                                                                 


     

                                        Se vós não sabíeis

                                        Agora sabeis

                                       Que é do dia cinco

                                       Para o dia seis                        

         Que se ‘canta’  Os Reis

 

         E lá vamos nós, em romaria, de terra em terra, de mar em mar e de casa em casa, ostentando na cabeça a coroa cravejada de falsos brilhantes ou o folclórico barrete-de-orelhas, com os búzios, os machetes, o reque-reque e os ferrinhos, arregimentados em orquestra sinfónica para o desfile real.

         De terra em terra, de mar em mar e de casa em casa…  É por aqui que eu vou. E vejo que é por aí que, assumidamente ou não, vamos todos nós. Não numa onda de mera diversão pós-natalícia, mas como expressão de um estatuto promocional, inerente à condição humana.

         Subentende-se facilmente que é outra a minha visão desta noite de Reis e do lugar que nela ocupamos. Deixo para outros a magia dos Três do Oriente, o pré-concebido tributo dos magnatas árabes, desde a mais recuada era profética, ao Menino de Belém. Deixo também largas aos cantadores da ruralidade genuína, alguns deles ‘capturados’ nos palcos urbanos para consumo turístico.

         Hoje, a minha noite de Reis é inspirada na vocação mais radical e íntima do ser humano, inscrita no nosso ADN, desde a sua génese, cantada por poetas como Goethe - “a nossa ânsia de subir, cobiça de transpor” – e alcandorada nas páginas do LIVRO, entre as quais, a apologia que Pedro faz da sua comunidade: “Nação escolhida, estirpe real, povo adquirido”!

         Se ontem considerei RedOOOndOOOs como zero os votos robóticos e hipócritas com que a farsa social bombardeia a passagem de ano, hoje rendo homenagem a todos os homens e mulheres, jovens e idosos, profissionais de todas as classes laborais, de todas as latitudes, de todos os continentes, de todos credos e de todas as etnias, “Povo escolhido, Geração Régia” que carreia, sem estrondo, para 2022 todo o seu talento, a sua força braçal e a sua energia emocional afim de tornar verdadeiramente Novo o novo Ano, Renovado este Planeta, seja qual o território ou o ofício da sua especialidade.

Nos bastidores de cena a que o actual momento nos obriga, contemplo esse cortejo interminável  de romeiros artífices, caminhantes anónimos - esses que vão de terra em terra, de mar em mar e de casa em casa - ostentando a coroa real de quem constrói e comanda o Mundo!

         Para eles, não haverá apenas a “noite do dia cinco para o dia seis”: todos os dias e todas as noites pertencem-lhes, de direito e de facto.

Serão Dias e Noites de todos os Reis!

 

         5-6.Jan.22

Martins Júnior

                           

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