sábado, 6 de janeiro de 2024

RESPIGOS DE NATAL E ANO NOVO

                                                                            


O estrondo das cinzas mortas que caíram em terra pesam mais que o estalo meteórico das lantejoulas suspensas dos astros…

 

                                                       


 

A que sabem e a que cheiram as napoleónicas celebrações do Natal e Ano Novo no Capitólio Vaticano?...

À apoteose da pólvora dos vencedores?

Ao sarcasmo e ao holocausto dos vencidos?

Ao pranto da bíblica Mãe Raquel perante os filhos mortos?

À entronização populista de David, “Sacerdote, Profeta e Rei”?

À opulência militar de Israel e de Jeovah, “Senhor Deus dos Exércitos ”?

À nudez putrefacta dos corpos sepultos entre os escombros?

                                                    


Enquanto Belém está  hoje mais esmagada e proscrita  que a Gruta de outrora, enquanto as mães fogem espavoridas com bebés ao colo a caminho do velho Egipto, deixando  milhares de crianças – os Meninos de hoje - assassinadas sob as ruinas de Gaza,

a Basílica Romana veste-se de gala, os titulares cardinalícios estreiam

 indumentária faraónica por entre possantes colunas salomónicas, a que não falta o ridículo quanto repugnante pelotão da Guarda Suíca,

e cantam, cantam, samodiam, alagam de luz eufórica o palácio papal, tudo em honra do Jesus Menino e Maria, sua Mãe”!!!

Tremenda contradição, senão mesmo despudorada hipocrisia.

Melhor cobrissem-se  de luto e suspendessem as anacrónicas loas a Israel e ao Menino.

Porque o único desejo do Menino não é ouvir salmos desfazados, mas sim libertar as Crianças de Belém, de Gaza, do mundoi inteiro!

 

1-3-5.Jan.24

Martins Júnior  

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