sexta-feira, 11 de outubro de 2024

DO FIM DO MUNDO NASCE O SOL PARA A EUROPA: MENSAGENS DO PRÉMIO NOBEL

                                                                        


Conforme o decidido nesta página de convívio total, trago hoje mais um lampejo de positividade e optimismo, que a Academia de Oslo deu a conhecer ao mundo, ontem e hoje: a atribuição do Nobel de Literatura à escritora sul-coreana Han Kang e o Nobel da Paz à colectividade japonesa Nohan Idankyo.

“Do fim do mundo” – foi a expressão timbrada pelo pacifista Jorge Bergoglio, hoje Papa Francisco, quando este, em 2013,  foi votado para  Supremo Pontífice da Igreja Católica e Chefe do Estado do Vaticano: “Foram buscar-me ao fim do mundo”. Pois, de mais longe, a extremo-nórdica europeia, a Suécia, foi buscar o sol ao extremo oriente asiático: Japão e Coreia do Sul.

Não é de um olhar superficial, anual e rotineiro, a outorga destes dois  Prémio Nobel/2024.

Na Literatura exalta-se a Mulher criativa e assertiva, ela é a 18ª Mulher, entre os 117 laureados, todos homens, desde a atribuição deste troféu. Acresce o espírito universalista do júri que ultrapassou as ‘vitalícias’ fronteiras dos hegemónicos monopólios autocognominados de  culturais e navegou até aos mares do Pacífico para daí extrair e fazer brilhar as pérolas escondidas nas recônditas pregas do tempo e do lugar. Por fim, ressalta com redobrado vigor a activista e denunciante da ditadura sul-coreana que, em 1980, mandou carregar barbaramente sobre os estudantes contestatários do regime. Os livros de Han Kang, traduzidos nas edições ‘D. Quixote’ – Atos Humanos, Vegetariana, entre outros – revelam o talento de quem sabe transmitir uma mensagem libertadora numa linguagem poética, contagiante e persuasiva.

                                                    


A Paz – o pão que a humanidade mais anseia porque  o não tem – onde foi buscá-la o júri do norte europeu? Não aos parlamentos ditos pacifistas, não aos areópagos das organizações mundiais nem aos arcanos dos templos de votos pios. Foi mais longe e mais fundo: aos cemitérios longínquos dos territórios nipónicos, onde estão sepultados, mirrados, pulverizados os cadáveres de milhares de seres humanos, vítimas da bomba atómica que os americanos fizeram explodir em 1945. Precisamente à ‘Nahon Hidankyo’ - uma organização constituída em 1956 pelas vítimas sobreviventes da criminosa tragédia de Nagazaky e Hiroshima.

Mais que qualquer discurso, tratado político ou proclamação ou oração pontifícia, falará mais alto este pregão silencioso, mas  omnissonante, do Prémio Nobel, qual glorioso Grito do Ipiranga global, a avisar esses fantasmas russo-norcoreano, iraniano e hipotéticos conspiradores do nuclear que, perante a barbárie de Nagazaky e Hiroshima (some-se-lhes Chernobil) não passam de loucos à solta num mundo que não é deles.

Parabéns à Academia Sueca pelo testemunho de coragem, de humanismo, dado aos inquilinos efémeros do Planeta.

Apraz-me, com sentida emoção, reproduzir agora em 2024 a canção que em 1986 os jovens da Ribeira Seca cantaram e coreografaram e, mais tarde, gravaram no CD: Machico, Terra de Abril”:

No chão onde houver baionetas,

Sombra ou sinal de canhão

Vamos plantar violetas

Cravos rosas em botão

 

Nagazaky, Hiroshima,

Chernobil e nuclear

Sempre a rebate e acima

Vamos os sinos tocar

 

            11.Out.24

            Martins Júnior 

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