terça-feira, 28 de janeiro de 2020

AUSCHWITZ-ANO 75




De diamante puro e duro
São hoje as últimas cinzas de Auschwitz
Mas não morreram com elas
As insaciáveis goelas
Do forno crematório

Nem têm princípio nem fim
As chamas e o cutelo de Caim
Não mais secaram as fauces do antropófago Minotauro
Nem se apagaram as fogueiras dos sacros autos

Para cevar a raiva e a sede
Os humanos tribais em jarros lautos
Chamam de novo o lume  de Auschwitz
Dão-lhe outro nome e outra cor
Rompem o céu matam-lhe o fulgor
Cavam secretos subterrâneos
Fundam infernos mediterrâneos
E sempre o mesmo furor… e a mesma dor

Saberá quem e não sabe ninguém
Se dentro de nós também
Em aparente e sereno dormitório
Não restarão sequelas
Das intermináveis goelas
Desse monstro crematório…

27.Jan.20
Martins Júnior

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