quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

VENTOS SAUDAVEIS!


                                               
Privilégio – ocasional e gratuito, é certo mas é sempre um privilégio estar de perto dos promotores deste acontecimento notável. O jornal Le Fígaro e a editora La Fayard  descerraram ao mundo  o pano de cena que encobria aquilo que, para uns é um escândalo, para outros uma verdade libertadora, ou seja, a aparente polémica entre Papas, Cardeais, Secretários do Vaticano  acerca do celibato obrigatório, opcional ou excepcional dos eclesiásticos.
         Enquanto grande parte, talvez a maioria, dos comentadores se ocupa dos pormenores e adereços secundários desta “novela” limito-me a enaltecer o sumo precioso que se extrai deste episódio, volto a sublinhar, notável. Até que enfim, o debate aberto começa a ganhar o seu lugar ao sol numa  Igreja que se diz fraterna e democrata, mas na verdade não o é.
         Quando se vêem Papas, Cardeais, a “Ínclita Geração Vaticana” a divergir publicamente sobre questões consideradas intocáveis ao longo de séculos, aí está aberto o caminho custoso mas dignificante que todo o cristão tem direito a percorrer é em busca da Verdade. E para aqueles que vêem neste projecto galvanizador um motivo escandaloso de  guerras, então deverá citar-se o lapidar  veredicto  do Mestre: “penseis que  vim trazer a paz à terra; Não vim trazer paz, mas  espada.  Pois Eu vim para ser motivo de discórdia entre o homem e seu pai; entre a filha e sua mãe e entre a nora e sua sogra. Assim os inimigos do homem serão os da sua própria familia (Lucas 10 34-36). Não admira, pois, que o mesmo cenário se repita entre Papas, Cardeais, Arcebispos e afins.
         O episódio presente já alguém o comparou aos preocupantes acontecimentos da Reforma e Contra-Reforma. Felizmente com uma diferença: hoje ninguém é Lutero para cair-lhe em cima a pena capital da excomunhão papal.
         Se “da discussão nasce a luz” a fortiori   da procura serena e corajosa da Verdade alcançar-se-ão as pistas seguras para chegar às fontes, isto é, o pensamento e à vivência do fundador do Cristianismo.

15.Jan.20
Martins Júnior





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