domingo, 13 de junho de 2021

PREVISÕES METEOROLÓGICAS PARA UMA ESTRANHA ÁRVORE

                                                                               


     

Início de uma semana marcada pelo olhar de um vidente, biólogo e agricultor de terras por descobrir. Como habitualmente, fico sempre atento ao LIVRO que, desta feita, vem em Marcos, capítulo IV.

         “A que hei-de comparar o meu Reino? Tão simples como isto: um grão de mostarda, a mais pequena de todas as sementes que a terra dá, mas em crescendo torna-se a árvores maior do jardim, ornada de ramos tão amplos e generosos que vêm fazer-lhe ninho todos os pássaros que há em seu redor”.

         Faço um  imperativo silêncio introspectivo, respiro profundamente e depois procuro com o meu olhar interior essa Árvore prendada pela previsão do seu plantador e cuidador omnipresente. Vou acompanhá-lo durante toda a semana e pôr-lhe-ei questões inadiáveis, incontornáveis, porque são tantas as árvores espalhadas no jardim da história, tantas que dificilmente lobrigo aquela à qual se referiu o Nazareno, nas suas previsões meteoro-sociológicas.

         Há-as opulentas de dorso troncudo, agarradas ao solo avaro. Há-as esguias e altaneiras, como misses dominadoras em desfile de figurinos botânicos, há-as pesadas de folhagem de oiro, oriundas de um filão aurífero escondido em terras de senhorio. E muitas outras há-as, tão sumptuosas que se confundem com o mármore das cúpulas e das colunatas barrocas, aonde nem os pássaros se aproximam com medo de serem devorados.

E onde está aquela, plantada e arroteada pelo seu Autor Primeiro?

 Árvore-Ecclesia, Assembleia-Reino, Igreja-em-Movimento Crescente! Em que solo? Com que fertilizantes? Com que folhas e flores e frutos?...

Iniciada com um punhado de trabalhadores, quase todos da beira-mar, regada com sangue de mártires, seiva libertadora de escravos que ganharam o estatuto inteiro de seres humanos, onde e como estará a Árvore?... Tertuliano, desde o século III, prognosticava: “O sangue de mártires é semente de cristãos”.

Mas a Árvore teve colonos que a enxertaram à medida dos seus desígnios de mercenários, colonizaram-na, leiloaram-na e até venderam-na a outros latifundiários e com estes fizeram pactos de condomínios reais, escandalosamente alheios ao seu Plantador original. Daí, proliferaram os troncos anafados, as folhas de metal sonoro em cofres bancários, os zimbórios de estilo judaico-cristão, enfim, estiolou-se a seiva interior de tal maneira que têm fadários redobrados aqueles que tentam restituir a Árvore ao seu húmus inicial.

Falo em linguagem parabólica, quase-gestual, tal como descreve o capítulo IV, supra-citado. E a minha inquietação consiste em descobrir o paradeiro da verdadeira Árvore, por entre as cópias fac-similadas que dela fizeram os homens e os crentes aceitaram sem qualquer esforço de discernimento. Evitando cair no pessimismo depressivo que assolou muitos dos que tentaram conscientemente alcançar as raízes da Árvore, também evitarei o tremendo equívoco de confundir a Igreja de Jesus Nazareno com os palácios pontificais, com os embaixadores vaticanos e seus apaniguados ou com a coreografia mundana do espectáculo pseudo-religioso.

Toda a semana fixarei a minha pesquisa e a minha inquietação  no único fertilizante prescrito pelo Autor e Cuidador da verdadeira Árvore: “Os adoradores autênticos do Meu Pai são aqueles que O adoram em espírito e verdade”. (Jo, cap.IV,23).         

 

13.Jun.21

Martins Júnior


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